AO MEU PAI...

Quem poderá cantar pra mim,

A música linda daquele "neguim"?

Quem poderá ao raiar do dia,

Já matar a sede com a cachaça fria...

Quem poderá acordar tão cedo,

Sem pensar na vida, sem pensar no medo...

E se a "velha" grita e tá meio tonta,

Abre um sorriso: "o café tá pronto"...

E as plantas esperam quietas, ansiosas...

Pelo banho frio da agua gostosa.

Quem poderá nunca ficar bravo,

Nunca reclamar pelo filho ausente,

E dizer sorrindo e com muito orgulho:

"Esse velho é forte, não fica doente"...

Quem poderá ao cair da tarde,

Esperando a noite que virá tão bela,

Puxar a cadeira ficar na calçada,

E daqui a pouco tem minha novela...

É... mas a vida passa, e o destino vem...

Você tem agora e amanhã não tem.

E faz pena agora, ter que reviver,

Só as lembranças ficam, boas de se ter...

Mas faz pena mesmo é não vê você,

É um velho desses um dia morrer.

Geraldo Rolim
Enviado por Geraldo Rolim em 17/01/2013
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