José Ferraz de Almeida Júnior um " Realista Caipira"
José Ferraz de Almeida Júnior um pioneiro ao marcar nas telas com pincel e tinta as cenas do cotidiano dos trabalhadores da zona rural, o tal do "Caipira", sua temática regionalista povoou e povoa de beleza seu trabalho repleto de luz.
Em sua honra, o Dia do Artista Plástico Brasileiro é comemorado a 8 de Maio, dia do nascimento do pintor. Desde menino Almeida Júnior demonstrou inclinações artísticas e teve no padre Miguel Correa Pacheco seu primeiro incentivador, em sua cidade natal. Foi o padre quem obteve recursos para que o futuro artista, já então com cerca de 19 anos de idade, pudesse ir estudar no Rio de Janeiro.
Em 1869, Almeida Júnior encontrava-se inscrito na Academia Imperial de Belas Artes. Foi aluno de Jules Le Chevrel, Victor Meirelles e, possivelmente, Pedro Américo. Diversas crônicas relatam que seu jeito simplório e linguajar matuto causavam espanto aos membros da Academia. Nas palavras de Gastão Pereira da Silva:
"Era o mais autêntico e genuíno representante do tradicional tipo paulista. Mas sem nenhum traquejo de homem de cidade. Falava como os primitivos provincianos e tal qual estes vestia-se, andava, retraía-se. Mas isso não impediria que fizesse um curso brilhantíssimo, durante o qual recebeu diversas premiações em desenho figurado, pintura histórica e modelo vivo, inclusive, em 1874, a grande medalha de ouro com o quadro Ressurreição do Senhor."
Do ano de 1876 até 1882 morou em Paris, efetuando, nesse último ano de sua permanência européia, breve excursão à Itália. Em Montmartre, onde residiu, teria pintado 16 telas com cenas do bairro famoso; tais pinturas, se de fato existiram, perderam-se de vez. Em compensação restam, do período francês, Arredores de Paris e Arredores do Louvre, e sobretudo as grandes composições com as quais participou dos Salons de 1880 (Derrubador Brasileiro e Remorso de Judas), 1881 (Fuga para o Egito) e 1882 (Descanso do Modelo), obras admiráveis da pintura realista de qualquer tempo ou lugar. É curioso observar que, no Derrubador Brasileiro, à falta de um. autêntico caboclo paulista, Almeida Júnior tomou como modelo um jovem italiano de nome Mariscalo.
O tratamento da luz tropical, o abandono da monumentalidade das obras e a inserção dos personagens no cotidiano brasileiro marcaram seu trabalho. Foi considerado um precursor dos modernistas.
No seu último período, Almeida Júnior irá progressivamente substituir os temas bíblicos e históricos pelas obras de temática regionalista, justamente as que lhe granjeariam no futuro sua posição de precursor do Realismo na história da arte brasileira. Em pinturas como Caipira Picando Fumo (1893), Amolação Interrompida (1894) e O Violeiro (1894), o artista revela seu desejo de aproximar-se do cotidiano do homem do interior, distanciando-se das fórmulas generalistas da pintura acadêmica e aproximando-se cada vez mais da abordagem pictórica naturalista.
“Ele nasceu em Itu, interior de São Paulo, e mesmo tendo estudado na Escola de Belas Artes de Paris não perdeu o vínculo com o regional. Em sua biografia é fácil encontrar observações de apreço pelo cigarro de palha e o sotaque caipira. Também tinha amigos na região, que fazia questão de visitar com freqüência”, afirma: Paula Frias .
Morte em Piracicaba: Almeida Júnior morreu precocemente, aos 49 anos, em 13 de Janeiro de 1899 . Foi apunhalado em frente ao Hotel Central de Piracicaba , por José de Almeida Sampaio, seu primo e marido de Maria Laura do Amaral Gurgel, com quem o pintor manteve um relacionamento secreto por vários anos...
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988
A alma caipira de Almeida Júnior
Almeida Junior em DezenoveVinte - Arte brasileira do século XIX e início do XX
MARQUES, Luiz. Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand: Arte do Brasil e demais coleções. São Paulo: Prêmio, 1998