Para Florbela e Augusto: Do(i)s Anjos
Tira da tua alma encarnada
O fel da tristeza que contém
Chore por noites e madrugadas
Escarre o veneno que te convém
Invente um poema de amor
Faça juras que não vai cumprir
Engane o diabo com uma flor
Reze para Deus no porvir
Sonhe com quem te causa dor
Faça amor selvagem sem fingir
Grite e goze sem nenhum pudor
Prove o sabor do dissabor
Se embriague com o pior licor
E de porre durma sem sentir.