Dona Canô.
Dona Canô, a mulher que não conheci.
Jorge Linhaça
Há um ano e meio vinha programando a ida a Santo Amaro para conhecer a matriarca da família Veloso.
Não sei dizer exatamente o que tanto em atraía para desejar esse encontro, no entanto sentia a necessidade de conhecer essa mulher tranquila e guerreira.
Por motivos diversos a viagem foi sendo sempre adiada, sempre postergada para um pouco mais adiante. Canô teve problemas de saúde e veio ser tratada em Salvador.
Confesso que pensei em ir ao hospital, mas achei que seria uma invasão indesejável à privacidade dos familiares, além de um momento muito inadequado para o tão desejado encontro.
Enfim Canô partiu, do alto de seus 105 anos descansou em plena noite Natal, após a ceia com os familiares.
Já havia dito a amigos que estava de partida para o céu e que queria morrer em casa, onde passara grande parte de sua vida, e não em um hospital.
Seu desejo foi consumado .
Quem a conheceu há de ter muitas histórias a contar sobre Canô.
Eu que não a conheci, posso apenas lamentar não tê-lo feito.
Salvador, 25/12/2012