A MULHER

Quis entender a mulher

com minha parca sabedoria

e criei mitos frágeis,

mentiras inocentes.

Imaginei a mulher

como sendo uma caixa

que se abre ao toque

de três batidas.

Imaginei a mulher

como a eterna necessitada,

a que precisa de mim,

da minha mão de homem.

Como já disse: imaginei

e imaginar é frágil demais.

Ao tocar a mulher verdadeira,

essa que se aninha

em meus braços nas noites,

essa que me socorre

quando de meu medo infantil,

percebi o mistério

e a magia

que só a mulher tem.

O corpo diferente,

a alma diferente:

a mulher não era, nem é,

o que eu pensava.

A mulher não é esfinge,

não me devora

se não a decifro.

A mulher tem mistério,

mas nada de intransponível,

ou mortal, ou cabalístico.

A mulher é o que é

e basta se deixar levar

e ela aponta a direção

do paraíso.

Sentir a mulher

é ouvir uma sinfonia.

Não importa quais são os instrumentos

que o músico toca:

importa a tessitura

que nos alenta os ouvidos.

Entender a mulher

é se deixar acalentar

por uma sagrada música.

Deodato
Enviado por Deodato em 07/03/2007
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