A MULHER
Quis entender a mulher
com minha parca sabedoria
e criei mitos frágeis,
mentiras inocentes.
Imaginei a mulher
como sendo uma caixa
que se abre ao toque
de três batidas.
Imaginei a mulher
como a eterna necessitada,
a que precisa de mim,
da minha mão de homem.
Como já disse: imaginei
e imaginar é frágil demais.
Ao tocar a mulher verdadeira,
essa que se aninha
em meus braços nas noites,
essa que me socorre
quando de meu medo infantil,
percebi o mistério
e a magia
que só a mulher tem.
O corpo diferente,
a alma diferente:
a mulher não era, nem é,
o que eu pensava.
A mulher não é esfinge,
não me devora
se não a decifro.
A mulher tem mistério,
mas nada de intransponível,
ou mortal, ou cabalístico.
A mulher é o que é
e basta se deixar levar
e ela aponta a direção
do paraíso.
Sentir a mulher
é ouvir uma sinfonia.
Não importa quais são os instrumentos
que o músico toca:
importa a tessitura
que nos alenta os ouvidos.
Entender a mulher
é se deixar acalentar
por uma sagrada música.