Cora Coralina

NA CASA DE CORA SENTI

Jorge Linhaça

Goias Velho 29/01/2006

Na rua da ponte reverente eu caminhei

sobre as pedras formando o calçamento

sobre a ponte de madeira eu me debrucei

vendo o Rio Vernelho e sentindo o vento

Foi na casa de Cora que eu pude sentir

Nos objetos ali tão bem guardados

a energia da menina Coralina fluir

em meus versos assim imantados

O chão de tijolos de barro quadrados

os tachos de cobre, o fogão à lenha

Donde tira os doces cristalizados

enquanto em escrever se empenha

Na velha cadeira não pude sentar

porém toquei a sua escrivaninha

como quem toca em um altar

respeitoso como quem só escrevinha

A energia daquele maravilhoso lugar

espalhada pelos comodos e objetos

a força da poesia a ali imperar

como se me ditasse versos completos

Lá fora da casa o jardim e o pomar

onde as frutas pros doces iam buscar

fazendo da poesia mais que doce

ainda que o tema tão triste fosse.