Homenagem ao Luiz Gonzaga e a sua obra

Todo nordestino tem um que de dor e contemplação

Faz da seca do sertão, um Oasis, sua quimera.

É o que brota do campo árido, quem dera?

Fecundo de talentos em abundancia

Criatividade o composto presente na privação?

Formula para germinar essa terra, um povo, uma nação.

Pois a chuva não vem, assim como os provéns de teu senhorio.

O suor da labuta é o mesmo da dança,

A força do homem, meio a mendicância

É a Realeza de ideais, alegria e perseverança

Gonzaga, homem desvalido

Acompanhado da zabumba e da sanfona

Arrebatou um povo aguerrido

Admirado com sua sonoridade

Xote, xaxado, maracatu e baião

é o povo nordestino, nascido e criado nesse chão

Antropólogo sem ciência, só com sabedoria

Sua obra retrata contrastes

ganhou notoriedade com suas canções

bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças

de juazeiro, caruru e exu

tantas terras nesse Brasil varonil

não têm o mesmo destaque e olhar aprazível, gentil

dos olhos críticos do cinema

O Nordestino não quer um emblema, ou um olhar afável

Quer ser respeitado e reconhecido

Como um povo que também é tido como cidadão brasileiro

Mas jaz esquecido

Nossa carta Magna inflama:

todo cidadão tem direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade...

Mas os Gonzagas perdidos no estio

Ainda clamam e contam por cada ano vil

Respeitem seus Januários

E Não há centenário, nem rei, nem baião que façam valer as paginas de vossa constituição.

Despeço-me com os trechos das Vozes Secas de Gonzagão para lembrar o seu legado, a sua missão:

“....Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage

Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage

Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão.....

Mas doutô uma esmola a um homem qui é são ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão..........”