História de professora

Eu tive alguns professores inesquecíveis. Mas tia Enelcina fez a diferença em minha vida! Foi a minha professora da terceira série primária. Era assim que se denominava o equivalente hoje ao 4º ano. E, sim, a gente podia e devia usar o pronome de tratamento “tia” para nos dirigirmos e nos referirmos à professora sem correr o risco de confundi-la com tia irmã de pai ou de mãe. Era um tratamento carinhoso e respeitoso ao mesmo tempo.
E tia Enelcina era respeitada, não por ser brava, não por se impor com severidade, não por usar lápis vermelho ou outro objeto traumatizante e intimidador. Ela era sempre respeitada porque sorria para nós, porque nos acolhia, porque procurava conhecer as nossas necessidades! Com isso, ela conseguia prender a nossa atenção para transmitir o conhecimento.
Foi com tia Enelcina que comecei a gostar de ler! Ela nos dava livros de Monteiro Lobato, da turma do Sítio do pica-pau amarelo! Uma aventura melhor do que a outra! E naquela época passava na TV a série com as personagens clássicas representadas por atores imortais em nossas lembranças! Então, aprendi a gostar de ler com as aventuras de Pedrinho (sem nenhum preconceito), reinações de Narizinho, aprontações de Emília, quitutes de tia Nastácia, sabedoria de Visconde de Sabugosa e contações de história de Dona Benta. No dia das crianças de 1981, tia Enelcina apareceu vestida de Visconde de Sabugosa! Como estava encantadora! Para mim, era a transcendência da sabedoria em pessoa! E ela leu histórias para nós, contou-nos experiências que teve no mundo dos livros! Tudo como Visconde! E nós viajamos com ela, quero dizer, com ele, o Visconde de Sabugosa, claro!
Se hoje gosto de ler, dedico-me à leitura e me atrevo a escrever alguma coisa, foi porque tive em minha tia Enelcina! E tenho até hoje! Ela ainda está lá em Teófilo Otoni, elengantérrima, à frente da Associação da Melhor Idade, desbravando mundos com uma turma experiente, longa vida, mas que ainda têm muito o que aprender em suas viagens com tia Enelcina!


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