MEU FILHO, JÚNIOR

Bom dia, meu amado Júnior!

Essa é a primeira carta que lhe escrevo nesses vinte e cinco anos e muitos meses da nossa convivência e o motivo é, por demais, especial.

Estou orgulhoso de você!

Neste momento lembro-me de quando, aos quatorze anos de idade, comunicou a mim e sua mãe, sua decisão de ser Médico.

Foram dois anos de sacrifício indo todas as manhãs para o Cefar em Fartura.

Depois, mais dois anos de luta no Nobel de Maringá.

Finalmente, mais um ano de total dedicação no Positivo de Curitiba e os bons resultados começaram a surgir.

Passou nos vestibulares da Univale de Santa Catarina, da UNAERP de Ribeirão Preto e da PUC de Curitiba, onde cheguei a fazer sua matrícula com a intenção de vender nossa casa para custear seu curso.

Mas, o melhor estava por vir!

Jamais esquecerei aquele domingo, 06 de novembro de 2006, quando por volta das vinte horas ligou comunicando que tinha tanta certeza de ter passado na primeira fase do vestibular da Universidade Estadual de Londrina e estava tomando o ônibus para voltar a Curitiba a fim de organizar suas coisas e voltar a Londrina e se preparar para a segunda fase.

Eu e sua Mãe estávamos no ônibus voltando da excursão que fizemos a Camboriú e a alegria foi tanta que a gente chorou muito naquele momento.

Guardo até hoje uma régua mordida, faltando um pedaço, digna representante do seu sofrimento em certa manhã no meu pequeno Escritório nos fundos de casa quando a notícia não foi a esperada.

Guardo, sobretudo, sua explosão de alegria dois dias depois quando eu estava lá na Caixa Econômica de Ribeirão Claro e recebi uma ligação sua pra me contar que era o número setenta e, portanto, estava dentro.

Jamais esquecerei a nossa conversa na noite em que esperamos o ônibus que o levaria a Londrina para começar sua fabulosa jornada.

Enfim, tudo está gravado em minha mente! A despedida no Aeroporto de Cumbica, a ansiedade na espera por você no seu retorno.

Sua ida a Destin e depois Fort Walton nos Estados Unidos para trabalhar como Garçom durante os tres meses de férias a fim de aperfeiçoar seu inglês.

A emoção que a gente vivia quando nos comunicávamos pela internet com imagem e tudo.

A luta pra conseguir te dar o pé de pano (Gol) já no segundo ano. A batalha pra deixar o carro sempre em ordem.

Você não pode imaginar a emoção que senti quando contou que estava participando de um trabalho que levava assistência médica a uma Favela de Londrina,

A tristeza que tomou conta de mim quando não pude patrocinar sua viagem de estudos na Europa durante as férias,

A emoção que sentia cada vez que comunicava ter passado para a série seguinte,

O medo que vivi quando o pé de pano morreu e você saiu ileso, graças a Deus,

As nossas eternas discussões por pontos de vista conflitantes,

A alegria que senti quando soube que chorou emocionado ao receber o “Negueba” (Clio) limpinho e pronto pra tentar substituir o falecido pé de pano,

E, principalmente, a emoção que sinto neste momento em que apenas 24 horas separa você da linha de chegada!

Parabéns, você soube honrar sua Família e sobretudo a si mesmo!

Você é um vitorioso e eu, humildemente, curvo-me para dizer, alto e em bom tom...

Amo Você!!!