O CANTO DO SABIÁ


Há sempre um jeito diferente de dizer as coisas. Em algumas vezes esse jeito é através da música que se ouve nos intervalos da poesia. Assim se dão os encontros dos seres letrais. Meu ser letral caminha ao sabor da música que ecoa em seres letrais que encontro pelos recônditos das palavras. Nos desvãos destas, viajo pelas veredas fastuosas de múltiplos significados. Descubro-me feliz realizando encontros que de tão significativos, viram poesia e faz o dia cheirar gostoso.
Foi assim que reencontrei um menino-rei que me cantou alegrias e me falou de sorrisos. Os laços, outrora feitos, foram fortalecidos e, embebidos de palavras-novidade viraram finas cordas de um violão que vibra em sons intermitentes e se expandem, em simbiótica freqüência, por distâncias encurtadas de um mundo adiantado de invenções.
E sobre invenções, convém dizer que numa delas, veio à informação sobre uma data especial: Seu aniversário! E por isso, cá estou para dizer-lhe dos desejos que lhe outorgo.
Aqui começa minha busca por algo original. As felicitações comumente vistas gastaram-se e não me satisfazem mais. Então o que fazer? Cair na mesmice e desejar-lhe saúde, paz, amor? É pouco diante da grandeza do universo em que tu habitas.
Então saio, e voejando por caminhos apócrifos busco o não-habitual... Espio pelos arrozais, cafezais, campos minados de flores... Aspiro aos cheiros que emanam destas paisagens. Refestelo-me e vejo, numa verde e orvalhada folha, uma preguiçosa lagarta. Observo-a por instantes. Sua lentidão me desacelera, aquieta-me os sentidos. Da gorda e mansa lagarta, surge nova pele diante de meus auspiciosos olhos: o casulo. Para logo mais, avistar a colorida borboleta - pétala que voa... a ensaiar viagens...
Ela voa...
Pego carona em suas asas e experimento a sensação do abandono de certezas. Tudo muda e se transforma. Nada é permanente. Não há determinismos, mas possibilidades. A provisoriedade é única certeza e, por isso, viver é experienciar/experimentar mutações.
Em voo, ponho-me a refletir... Os anos passam, os dias envelhecem no cantar do galo. Enquanto o espírito vivifica e aprimora-se sob o som tictaqueante dos argutos pêndulos... É a maturidade dizendo de seus saborosos frutos.
Olho ao longe e lá está uma linha sinuosa e poética: o horizonte. Continuo a olhar e em voo, busco alcançá-lo.
Sem chances!
Ele se afasta cada vez que irrompo em sua direção. Intrigada, pergunto-me:
-Para que serve o horizonte, se não consigo alcançá-lo?
Um sopro em meus ouvidos segreda-me a resposta:
- Serve para isso, lhe impulsionar a andar.
Pronto! Finalmente encontrei a originalidade que queria para cumprimentar-lhe pela alegria de seu nascimento. O desejo surge como o canto do sabiá na palmeira do meu quintal...
Neste aniversário, desejo-lhe horizontes para que nunca desista de seus objetivos e borboletas para que sua vida passe por longas e silenciosas metamorfoses...
Feliz idade! Feliz viver!
Suerdes Viana
Enviado por Suerdes Viana em 09/11/2012
Reeditado em 02/01/2013
Código do texto: T3977099
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