Ana Cristina Cesar uma poeta na difícil época da história e da política brasileira

Ana Cristina rompe o silêncio, com a sua escrita num Brasil marcado pelo medo pepetrado pela Ditadura Militar: abafante e massacrante... Escreve de coisas sérias com humor parafraseando outros poetas, a que dedicava sua leitura... Ana escreve um ficcional que remete ao autobiográfico. Sua morte trágica interrompe suas palavras...emudece a voz do alerta para os descaminhos da nossa história... Ana se atira ao espaço pela janela do oitavo andar do apartamento dos seus pais em Copacabana. Tinha apenas 31 anos de idade. Meu coração emudece de tristeza ao pensar que, todo Poeta devia ter asas para voar ao descobrir a fragilidade de sua alma.

Ana Cristina Cruz César, nasceu no Rio de Janeiro em 2 de junho de 1952, tendo, desde cedo, demonstrado talento e gosto pela arte de escrever. Já em 1959, tinha as primeiras poesias publicadas no “Suplemento Literário” da “Tribuna da Imprensa”. Foi Licenciada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1975, obtendo o grau de Mestre em Comunicação, pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1979 e Master of Arts in Theory and Practice of Literary Translation, pela Essex University, na Inglaterra em 1980.

Ana Cristina Cesar (1952-1983) tornou-se conhecida em escala nacional depois de figurar na antologia 26 Poetas Hoje, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda, em 1976. Alma inquieta, Ana Cristina viveu mais de uma vez, viajou pelo mundo, estudou literatura e cinema, publicou poesia em edições independentes. Escritora compulsiva, produzia poemas, cartas, artigos para jornais e revistas, traduções, ensaios.

Esqueceria outros_ Ana Cristina Cesar

pelo menos três ou quatro rostos que amei

Num delírio de arquivística

organizei a memória em alfabetos

como quem conta carneiros e amansa

no entanto flanco aberto não esqueço

e amo em ti os outros rostos

A gente sempre acha que é Fernando Pessoa "Ana Cristina Cesar "

Soneto

Pergunto aqui se sou louca

Quem quer saberá dizer

Pergunto mais, se sou sã

E ainda mais, se sou eu

Que uso o viés pra amar

E finjo fingir que finjo

Adorar o fingimento

Fingindo que sou fingida

Pergunto aqui meus senhores

quem é a loura donzela

que se chama Ana Cristina

E que se diz ser alguém

É um fenômeno mor

Ou é um lapso sutil?

Eu não sabia / que virar pelo avesso / era uma experiência mortal Ana Cristina César

Psicografia

Também eu saio à revelia

e procuro uma síntese nas demoras

cato obsessões com fria têmpera e digo

do coração: não sou e digo

a palavra: não digo (não posso ainda acreditar

na vida) e demito o verso como quem acena

e vivo como quem despede a raiva de ter

google

http://www.releituras.com/anacesar

Correspondência Incompleta, constituído de noventa e três cartas, datadas de 1976 a 1980, enviadas a quatro amigas sua