BLASFÊMIA
São aguerridos os poetas.
Sobra-lhes prerrogativa, a palavra.
Quando descomedida, quando espeta,
quebra o protocolo e não peca
(— Ora, direis, não são pecados
vossos versos, gente brava);
são imunes os poetas desaforados.
Pelo contrário, eu voz digo:
por mal (e por tudo isso),
prevaricam os poetas omissos.
Com lupa à mão, o céu condena
o paupérrimo resquício
— de cada silêncio no poema.
Manda saber, se branco o verso
— sem a escrita do venerável ofício —,
esse vácuo é, sem dúvida, perverso
e faz jus ao castigo.
São aguerridos os poetas.
Sobra-lhes prerrogativa, a palavra.
Quando descomedida, quando espeta,
quebra o protocolo e não peca
(— Ora, direis, não são pecados
vossos versos, gente brava);
são imunes os poetas desaforados.
Pelo contrário, eu voz digo:
por mal (e por tudo isso),
prevaricam os poetas omissos.
Com lupa à mão, o céu condena
o paupérrimo resquício
— de cada silêncio no poema.
Manda saber, se branco o verso
— sem a escrita do venerável ofício —,
esse vácuo é, sem dúvida, perverso
e faz jus ao castigo.