Homenagem ao Professor  João Martins de Almeida
 
Minha juventude - História verídica.

Professor João Martins de Almeida, homem culto, educado, dedicado à cultura e as artes, escritor, poeta, literato em diversas áreas, nas aulas de ginásio como professor era extremamente justo em suas avaliações e disciplina. Quando os alunos entravam na classe o professor lá se encontrava, sem rodeios dizia:
- Os exercícios para a aula de hoje estão no Quadro negro, o primeiro que terminar me avise.

Eu estava cursando o 3º ano ginasial, era péssimo em matemática, e o Professor João Martins como era costumeiramente chamado, percebia isso.

Nas provas do primeiro semestre de 1.966, a terceira sendo mais exato, pela dedicação do professor e pelo meu esforço em recuperar a pontuação média exigida para aprovação, consegui tirar a primeira nota Dez numa prova escolar. O professor João Martins me chamou à sua mesa e disse:
- Você Rabelo foi o único em acertar todos os exercícios da prova, tirando nota dez, em reconhecimento ao seu esforço porque sei que tem dificuldades nessa matéria dou de presente esse livro de exercícios de matemática. Já estava sentado em minha mesa quando o professor me dirigindo à palavra, disse:
- Rabelo, se você tirar mais uma nota dez eu dispensarei você de fazer as demais provas e exames, você terá nota dez até o final do ano.

O Professor João Martins indiretamente aplicava nos alunos da classe a sua psicologia de professor.


Infelizmente não aconteceu, na mesma época dias depois, o professor sofrera um AVC- acidente vascular cerebral, afastando-o de sua carreira profissional definitivamente.

Hoje presto uma simples homenagem póstuma ao querido Professor João Martins de Almeida, um dos Grandes vultos de Pindamonhangaba, dedicando aos seus filhos e netos essa homenagem.

Homenagem prestada pelo ex-aluno:Nelson Rabelo da Silva
Instituto de educação João Gomes de Araujo
Turma: 1966 – Noite – 3º ano.  
Pindamonhangaba, SP.


 
Notícia extraída do jornal:

http://www.tribunadonorte.net/noticias.asp?id=4671&cod=4&edi=103

Nossa coluna hoje é dedicada ao patrono da cadeira nº 32 de nossa Academia Pindamonhangabense de Letras, professor, poeta, jornalista e grande benfeitor da população menos favorecida  de Pindamonhangaba:
João Martins de Almeida  (1918 - 1969)
Há 41 anos, no dia 20 de maio de 1969, deixava a terra e, livre do envoltório carnal que vinha lhe causando sofrimento, seguia em direção ao plano espiritual,  o professor João Martins de Almeida, um dos mais sensíveis poetas nascidos em Pindamonhangaba. No dia seguinte ao seu passamento, no jornal da Rádio Difusora local, o Dr. Ângelo Paz da Silva comovia os ouvintes com  uma crônica da qual transcrevemos alguns parágrafos... 
"A tarde de ontem, a tarde clara do dia ensolarado do poético mês de maio, de um instante para o outro foi sacudida por uma notícia entristecedora, notícia que encheu  toda uma terra de luto, pois contava ela a morte do poeta, a morte de João Martins de Almeida, o poeta de Pindamonhangaba...
 "...O moço João Martins de Almeida, o moço poeta, o moço sonhador não sabia sonhar sozinho. Ele queria mostrar sua poesia, ele queria ver Pindamonhangaba fiel ao cognome de 'terra roxa do saber e da aptidão', daí porque era incansável ; daí porque ele estava presente em todas as oportunidades que se lhe eram oferecidas. Daí porque ele escrevia, daí porque ele versejava...
 "Ele não queria mostrar, mas revelar Pindamonhangaba. João Martins de Almeida até que era tímido: era moço de temperamento arredio às ostentações; era uma criatura simples modesta mesmo. Mas toda aquela timidez tinha fim, todo aquele temperamento arredio se extinguia quando se punha ele a trabalhar pelo engrandecimento de seu torrão natal e assim jamais faltou ele a luta em prol de Pindamonhangaba...
"No setor do ensino Pindamonhangabense João Martins de Almeida realizou uma obra extraordinária, não só como professor, mas como diretor da Escola de Comércio, presidente da Sociedade Civil de Ensino, diretor do Núcleo do Senac, co-fundador e professor do Ginásio Pindamonhangabenses, professor e co-fundador do Ginásio Noturno e finalmente, professor do Instituto de Educação João Gomes de Araújo. 
"...Foi também jornalista, foi homem da imprensa, foi mesmo o mais dedicado e mais sacrificado homem de imprensa desta terra nos últimos tempos. Sua pena era incansável e por isso mesmo vamos encontrá-lo sob os mais variados pseudônimos nos mais diversos órgãos de imprensa da região e mesmo das nossas capitais, tais como em o nosso 7 Dias, em nossa Tribuna do Norte, no Correio do Vale do Paraíba, em A Voz do Vale do Paraíba, em o Eco, em revistas como o Vamos Ler, e a fabulosa Careta, além de colaborar também no jornal humorístico intitulado O Governador, órgão que existiu em São Paulo."
No  extinto 7 Dias João Martins de Almeida assinava a coluna social sob o pseudônimo de "Joreca"; neste mesmo jornal ele foi o "Chico Urutu", que fazia a coluna "Venenos de Chico Urutu", e ,ainda, o "Só pena que voa", que assinava "Juca Pato". Na Tribuna foi responsável pela coluna "Pensamentos Hipócritas", com o pseudônimo de "Cínico". Também para a Tribuna, escreveu artigos de cunho social se identificando como "Jadiemal Snitram" e "João de Pinda".
Ao partir, deixou as seguinte obras publicadas: Poetas de Pindamonhangaba (1952). Antologia dos Poetas Pindenses (1953), Vultos de Pindamonhangaba (1ª série em 1957 e a 2ª série em 1958), Quadros e Quadras (1958), Jucapiadas (1958) e Musa Antiga (1962). Deste último, escolhemos para encerrar esta homenagem um soneto que revela o dinamismo do poeta.  João Martins ia do lirismo às evocações épicas; dos protestos ao humorismo, como na paródia ao soneto "As pombas", de Raimundo Corrêa, que fizera talvez inspirado na própria calvície um tanto precoce:

Os pardais
Vem o primo pardal alvorotado...
Depois mais um... mais um; enfim, centenas
de pardais chegam quando jaz apenas
no ocaso, morto, o sol, ensanguentado.
                Agora o lusco-fusco é desejado,
                e oculto à Light amiga muitas cenas...
                Mas os pardais, arrepiando as penas
                cuspinham num careca revoltado.
Assim também aos crânios, os cabelos,
aos milhares, milhões provocam zelos,
como as ruidosa aves - os pardais.
                Mas se os pardais a emporcalhar-nos voltam,
                os cabelos já fracos que se soltam,
                às calvas não retornam nunca mais...
NOSLEN OLEBAR e http://www.tribunadonorte.net/noticias.asp?id=4671&cod=4&edi=103
Enviado por NOSLEN OLEBAR em 28/10/2012
Reeditado em 29/05/2018
Código do texto: T3957089
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