A RINALDO BRANDÃO, do Recanto

Os sinos tocavam todas as mortes

por dentro de mim

a noite descera funda

tampa pesada

sobre os sonhos-resíduo

então recebi um comentário

sobre uma casa velha

demolida

a se lamentar entre entulhos,

entre os seus próprios entulhos

a se lamentar, pela própria morte

e pela partida dos que a habitaram

a se lamentar também

pela morte dolorosa

do jardim

um comentário

para esse poema

que escrevi há anos infinitos

de mim

poema chamado

A CASA NO FIM DA RUA

o comentário dizia

que esse poema

devia ser conhecido por todas as pátrias

e lares além do Atlântico.

Não eram bem estas as palavras

que o comentário, de beleza e de alma intraduzíveis

e conheci a poesia e a alma do poeta

e ele, poeta, conheceu minha poesia e minha alma,

o poeta que escreveu esse comentário

para a casa que um dia morreu no fim da rua

poeta que mora em Minas

que mora nas Gerais

ser que não conheço

pessoalmente

- o que é conhecer pessoalmente

uma pessoa?

Um dia julguei que o soubesse

hoje...

quase só restam dúvidas

uma de quase assassinar...

outras de quase enlouquecer...

O que é mesmo conhecer

a si, a outro alguém

em pessoa?

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Há, felizmente, ainda,

algumas amigas eleitas e eleitos amigos

que permanecem, incólumes,

no “ao vivo e em cores”

do chamado

mundo real

ao vivo e em cores

no meu e no deles coração

e há, ainda, nosso anjo encarnado - meu e de minha mãe -

e há minha mãe.

Em verdade, sou muito rica, mas, perdoem-me,

tão triste,ah, tão triste,

como só os poetas mais tristes o são.

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Poeta Rinaldo Brandão, do Recanto das Letras,

grande, imenso como as almas

grandes o são.

Poeta Rinaldo Brandão

meu irmão escolhido

meu escolhido irmão:

vem nestas frágeis linhas dizer um pouco do que és

e te tornaste

Zu, tua irmã escolhida

Zu, tua escolhida irmã.

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“De primeira”, neste início de tarde de 26 de outubro de 2012.