"SER VELHO"
                                                                

Os seus cabelos grisalhos pelos tempos de outrora
São sua marca abençoada que paciência implora,
Pois em sua silhueta tudo motiva o riso à imperfeição:
É seu andar trôpego, sua barriga ridícula e a pouca visão.

Mas em seu interior, ele guarda chagas e saudades:
Cicatrizes de uma juventude que periclitava em intensidade,
Recordações de queridos amigos tão cedo em passagem,
Mas ele não se questiona mais, nem lhe preocupa a imagem.

Agora, sua liberdade é o seu próprio lamento concebido.
Adquiriu-se até um parco direito de viver alienado
E também não mais se questiona se está certo ou errado.

Seu sofrimento lhe permite agora dançar qualquer sucesso
Sob os olhares penalizados de um futuro réu – confesso,
Que nem sabe se um dia terá o privilégio de estar envelhecido.

                                                         
                                                                             (ARO. 2012)

Profaro
Enviado por Profaro em 25/10/2012
Reeditado em 22/06/2013
Código do texto: T3951510
Classificação de conteúdo: seguro