Baque de Saudação
- Salut! Comment tu t'appelles? - Praticamente foi tudo que dissemos na sua lingua. Rapidamente crescera uma espécie de sintonia e ele logo estava a falar brasileiro. Dos estágios no parque, dos cursos do domingo, passamos a nos ver mais vezes; no início uma vez ou outra, depois regularmente duas vezes na semana e por fim 3 ou mais, quando estavámos todos estressados por causa de um certo concurso. Pode-se dizer que vencemos o desafio; éramos os veteranos, os mais antigos alunos e estavámos lá no topo graças ao entrosamento a tando sendo trabalhado. Dividimos a alegria merecidamente, comemoramos juntos o resultado de nossa aliança e guardamos esse momento como referência de nosso encontro. Mais de um ano depois, nos víamos apenas de quando em vez.
Naquela sexta-feira de manhã teria minha última aula do semestre e esperava que na semana seguinte iria sair, voltar aos lugares à tanto tempo não frequentados. Na semana seguinte, quem sabe ainda naquele fim de semana, o veria. No mesmo dia à noite, durante o curso de percussão, naquele horário que não lhe convinha e que era a causa de nossos desencontros, soube que não sera no forró da quarta-feira que se aproximava onde voltaria a encontrá-lo. Também não seria em qualquer outra festa, nem no curso de percussão caso o horário voltasse a ser-lhe compatível. Nem mesmo no Laos, de onde era originário, ou no Vietname, onde passara as férias recentes.
Na noite da quarta-feira, ele voltara pra casa depois de um dia normal, com um cansaço normal, deitou-se normalmente na cama em busca de sono normal. No dia seguinte não reencontrou a sua antiga forma que buscava. Somente uma semana depois é que começo a entender. Aqueles pés não voltariam a dançar salsa e a alfaia não voltaria a tremer sob aqueles braços.
No nosso próximo encontro, não mais importará o idioma falado pois a saudade que fica é universal.