Cruz e Souza_ Selos abrem Ano do Brasil e de Portugal

Foi com uma alegria imensa que descobri a esfinge do grande escritor, poeta João da Cruz e Sousa estampada num dos selos que abrem o Ano do Brasil e de Portugal, ele que teve que enfrentar o preconceito racial maquiavélico da sua época morreu aos 36 anos, em 19 de março de 1898, vítima da grande miséria em que vivia e por consequência houve o agravamento no seu quadro de tuberculose. Tardiamente, reconhecido, mas que venham os louros pelo seu requintado, porém criativo, trabalho com as palavras, enriquecendo a nossa Língua Portuguesa. Minha admiração irrestrita por Cruz e Souza.

Poetas - Além da sensibilidade e talento, Fernando Pessoa (1888-1924) e Cruz e Sousa (1861-1889) têm em comum a vida simples e o reconhecimento póstumo. Filho de negros libertos, João da Cruz e Sousa foi o precursor do simbolismo no Brasil. Morreu precocemente, aos 36 anos, de tuberculose. Em 2007, seus restos mortais foram transferidos do Rio de Janeiro para Florianópolis, sua terra natal, onde um memorial foi erguido junto ao palácio que leva seu nome.

Conhecido também por seus múltiplos heterônimos, cada qual com estilo próprio, Fernando Pessoa levou uma vida relativamente apagada, movimentando-se num círculo restrito de amigos e intelectuais. Perdeu o pai aos cinco anos e passou parte da infância e adolescência na África do Sul, retornando a Portugal em 1904. Grande parte dos seus textos permaneceram inéditos em vida.

Países Irmãos - O Ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal, que será realizado de 7 de setembro de 2012 – Dia da Independência do Brasil – a 10 de junho de 2013 – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – inclui diversas iniciativas culturais e econômicas.

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BRAÇOS_ Cruz e Souza

Braços nervosos, brancas opulências,

brumais brancuras, fúlgidas brancuras,

alvuras castas, virginais alvuras,

latescências das raras latescências.

As fascinantes, mórbidas dormências

dos teus abraços de letais flexuras,

produzem sensações de agres torturas,

dos desejos as mornas florescências.

Braços nervosos, tentadoras serpes

que prendem, tetanizam como os herpes,

dos delírios na trêmula coorte ...

Pompa de carnes tépidas e flóreas,

braços de estranhas correções marmóreas,

abertos para o Amor e para a Morte!

João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Florianópolis (SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro.

Depois de algum tempo no Rio Grande do Sul e após enfrentar represália para não sair de sua terra natal por motivo de preconceito, o autor fixa residência no Rio de Janeiro, onde trabalhou em empregos que não condiziam com sua capacidade e formação.

É então, em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil.

A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos. Por Sabrina Vilarinho

Veja um trecho do poema “Cristais”, no qual é claro o uso da sinestesia, recurso estilístico que associa dois sentidos ou mais (audição, visão, olfato, etc.):

Mais claro e fino do que as finas pratas

o som da tua voz deliciava…

Na dolência velada das sonatas

como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas

em lânguida espiral que iluminava,

brancas sonoridades de cascatas…

Tanta harmonia melancolizava.

Filtros sutis de melodias, de ondas

de cantos volutuosos como rondas

de silfos leves, sensuais, lascivos…

Como que anseios invisíveis, mudos,

da brancura das sedas e veludos,

das virgindades, dos pudores vivos.

Saiba +_ João da Cruz e Sousa - De Lá Pra Cá - 16/10/2011

http://www.youtube.com/watch?v=z72-Gf6ch4c