Avenida ficou livre do peso.
Embora sei que tristeza não orna
No meu jeito pacato de viver
A tarde senti duas lagrimas mornas
Rosto abaixo escorrer.
Senti que a vida vale tão pouco
Morreu Euripedes,um morador de rua
Vi sempre alguem taxar de vagabundo e louco
E eu nem sei se ele apreciava a lua.
Mas agora está livre do despreso
Do poder publico e dos comerciantes
A avenida ficou livre de um peso
Da simplicidade e a rudeza de um semblante.
Diz que a vida da rua escolheu
Nem todos os motivos eu descobri
Dizia que foi depois que a mãe dele morreu
Acredito que nada a favor dele eu decidi.
Lá no ponto de onibus ela ficava
Observando a vida agitada passar
Eu olhava pra ele e sempre pensava
Numa madeira de poder ajudar.
Varios enfartos,quem dele terá saudade?
Naquele ponto sei que vai ficar
Os pombos sem entender a verdade
O teu resto de comida a esperar.