Da pessoa do dr. João Thienne
Ele, imorredouro, que dá nome a essa excelente escola, fundada há 50 anos. Devo voltar no tempo, há uns 65 anos passados e, também, devo circunstanciar. Nova Odessa era Distrito da então, Villa Americana. Praticamente, N.Odessa só tinha o centro, que foi programado, nada de bagunaça: algumas ruas verticias, paralelas; outras, horizontais, também paralelas.. Tudo pequeno e pacato, só havia um soldado, o simpatia e respeitado sr. Lino.. Lógico que não havia asfalto, quando chovia, era um lamaçal! Ninguém reclamava, era assim mesmo!
Lá em cima, onde hoje aniversaria essa magnífica escola, não havia nada, era sítio e, ao norte, a Fazenda Velha.
Eu morava lá embaixo, na Av. Dr Carlos Botelho. Na esquina, havia o armazém do nosso querido Sr. Paquito Carreon. Ali se comprava de tudo e se marcava “na caderneta”; havia crédito para tosos. Depois vinha a casa do Sr. Lazinho, o açougueiro e depois, a minha. Bem em frente, funcionava uma pequena farmácia, com um grande farmacêutico, o dr. João Thienne. A farmácia só tinha dois cômodos. O da frente, com balcão, prateleiras de remédios e, á esquerda de quem entrava, mesinha de xadrês. Sempre duas pessoas de cabeça branca jogavam lá. Uma era a do dr. João Thienne. O cômodo de trás, tinha a mesma frente, com menor fundo. Era onde dr. João Thienne “manipulava”.os remédios. Sempre gostei daquela pessoa, que a todos atendia com um sorriso! Então, ao voltar da escola, eu ia lá, prosear com ele e sempre aprendia! Ele era tão dedicado a todos e eu queria ajudar, mas não sabia como. Para encurtar o assunto, ficamos amigos, para orgulho meu! Numa certa tarde, fui lá, prosear e aprender e o dr. Jaó Thienne me fez uma pergunta: “Menina, gostaria de nunca pegar gripe ou infecção?” “Lógico que sim, minha mãe disse que eu tive bronquite, não me lembro, mas não quero, nunca, ficar doente, o que devo fazer?” “O que você faz, quando acorda?” “Vou escovar os dentes!” “Errado!, você deve ir à cozinha, botar na boca um gole de água, bochechar e...engolir tudo!” “Que nojento, dr. Thienne!” “Pode parecer, mas é a auto-vacina. diária; você engole seus vírus, suas bactérias próprias, que darão trabalho ao seu sistema imunitório, que vão reforçar suas defesas!” “Entendi, farei isso, sempre!”
E fiz. Logo depois, chegou a gripe asiática, todos gripados, gripentos! Menos eu e o dr. João Tienne! Ele não dava conta em atender a todos. Vinham de charretes, e de carrocinhas, dos sítios, das fazendas e fui dar uma ajuda; ele me ensinou como. Só havia dois remédios: um era uma injeção, outro, uma cápsula que ele mesmo fazia. Naquela parte de manipulação, havia uma peça que eu não conhecia. Pareceu-me máquina de moer carne. Não era. Havia um buraco para se colocar a parte de baixo da cápsula. Depois, a quantidade certa do remédio manipulado, um pó branco. Era só botar a parte de cima, baixar a alavanca e estava pronto! Ajudei ao dr. João Thienne a fazer, creio, uns 500 pacotinhos, com o n. certo, para os gripentos usarem. Mas, faltavam as injeções! E o imenso dr. João Thienne me ensinou como fazer isso! Quase que deu tudo certo, até chegasse o Sr. Romildo Rampazzo, gripado. Fui aplicar a injeção nele, mas...parecia couro de elefante e a agulhinha se entortou!! Quê fazer, quê não fazer? Claro, usar de agulha bem mais grossa! Deve ter doído, mas funcionou!
São essas as lembranças que guardo do imorredouro Dr. João Thinne, com quem tive a honra de atuar, pessoalmente.
Daidy