APRESENTAÇÃO DE UM SONETO
De: Ysolda Cabral
 


 
Acordei cedinho, cedinho, com o Sol batendo na minha janela. Mais que depressa dei um pulo da cama e abri a janela para que o Sol entrasse. Imediatamente me senti envolvida pelo abraço de Luz, e, me senti tão feliz e tão aconchegada que resolvi não fazer nada - não hoje que é sábado e nele eu posso fazer quase tudo, ou não fazer nada, pois sou senhora absoluta das minhas 48 horas dos fins de semana.
 
Peguei então um dos cadernos de sonetos do meu avô, liguei a TV por assinatura, no canal de música (MPB) – estava tocando a música ‘’ Por Causa de Você’’ com Jorge Bem Jor e Ivete Sangalo. Pensei: comecei dando uma sorte danada e, depressa voltei pra cama.
 
Antes de abrir o caderno, perscrutei meu coração - uma precaução que venho tomando ultimamente, uma vez que ele resolveu entrar no time dos não me toques, dos não me emocione, dos não me apaixone... Enfim, já marquei o cardiologista e vamos ver o que ele acha de tantos fricotes.
 
Respirei fundo, ajeitei o travesseiro e, me deixando aquecer e bronzear, abri o caderno e o primeiro soneto que li me fez entender que precisava tirá-lo dali. Ali, no caderno, ele estava preso, fadado ao esquecimento e ao desaparecimento no ‘’Mundo das Traças’’.
 
A poesia não pode ficar presa num caderno, ou na alma do poeta, mesmo que ele já não esteja mais entre nós.
 
E, em homenagem ao meu avô, Firmino Cabral Filho - trago o poema ‘’Último Sonho’’ para o ‘’Mundo Virtual’’ de presente para quem ama a poesia.
 
 
ÚLTIMO SONHO 
(Autoria: Firmino Filho)

 
Melhor seria que eu soubesse a hora
de retirar-me deste velho mundo;
e aguardar segundo por segundo
o tempo exato para dar o fora.
 
O que me punge mais e me devora
é esse tal segredo tão profundo;
tenho até medo de ficar jucundo
pois a visão da morte me apavora.
 
Se eu soubesse o dia, a data exata,
marcando então meu triste desenlace
alargaria os flancos do meu peito;
 
e após gozar acorde de sonata
fitando em suma a morte face a face;
eu morreria alegre e satisfeito.

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26/08/2012 17:54 - oklima
Que pena, poeta Ysolda! Creio ser crime de lesa-poesia deixar carpir, em um caderno, os belos sonetos do vate Firmino Filho! Por que não editá-los. A poesia certamente te seria grata! E já te sendo grato, permita-me segui-lo no tema, mesmo de maneira contraditória:

 SEM SABER NADA
 Odir Milanez

 Melhor seria assim, sem saber nada,
 o relógio rezando-me a partida,
 desertando o desar da despedida,
 enquanto a voz do amor fosse apagada.

 Pra que datar a data malfadada,
 saber sem volta a derradeira ida,
 ver o vento voar com minha vida
 nos instantes da hora pré-datada?

 Melhor seria assim, sem esbocetos,
 sem sequências dos sonhos submersos,
 sem o soar de sons obsoletos.

Morrer, apenas, sem sentir dispersos
 os sonhos semeados nos sonetos,
 os amores amados nos meus versos!

 JPessoa/PB
 26.08.2012
 oklima

 Beijando-te abraços, Odir