Meu velho pai.
Minha referência em vida, de trabalho, dedicação, educação e respeito. Foi como os heróis, que conheci pelas leituras e filmes. Era a mão amiga, que embalava e amparava. Mãos grossas de calosidades da labuta, mãos pesadas que se faziam leves e que sabia bem do poder carinhoso, que elas transmitiam num simples aperto de mão.
Veio a mudança de plano, mas as lembranças vivas me acompanham e sigo a fazer exatamente igual. Às vezes me flagro pensando nele, de como se comportaria numa ou outra situação que se apresente. Ele era equilíbrio,força e poder de decisão. Sabia e entendia das coisas do coração e sempre tinha um pensamento otimista, para desembaraçar uma situação complexa. Era como um velho marinheiro, que sabia das elevações das ondas e como navegar sobre elas até a descida.
Aprendi que em cada manhã renasce a esperança como uma benção Divina, que me guia nesta caminhada de confiança e fé. Mas não aquela fé que implora e apenas espera. Mas a fé de quem luta pelo que se pretende e sabe que Alguém atua pela realização. Hoje são entendíveis as palavras, que sempre insistia em colocar nos meus ouvidos, às vezes surdos para a torrente de orientações e conselhos.
Lembro-me da ultima lambada com a cinta de couro, após uma briga de rua com um vizinho, onde com minha língua afiada, ofendeu a mãe dele, como era comum nas brigas de meninos. Mas para meu pai uma falta grave digna de correção. eu me corrigi e agradeci cada lambada, pois em cada uma tinha a sua moral, que se sentia ferida.
Obrigado meu pai, por tudo que fez e tinha vontade de fazer e que eu na minha continua construção possa seguir à luz da dignidade, sendo também um espelho inquebrável, até que por fim venha a mudança de plano nesta longa viagem.
Fique na paz e descanse com sua missão cumprida, pois eu sobrevivi.
Toninho.
O meu abraço especial a todos os pais inclusive os que assumem esta missão independente de qualquer situação.