Foto 2011

 
 Cadeira Vazia
                                              

 
  Homenagem à colega Normélia Kempf Fior


Segunda-feira tudo volta ao normal, exceto uma cadeira que continua vazia...
A vida é assim, nascem alguns, partem outros... Será? Será simples assim?

Mas, e a morte o que é? Que fenômeno é esse, que por mais que a ciência avance não consegue desmistificar? Que estupidez é essa que nos arranca repentinamente alguém que se tem por perto?

Que coisa mais desproposital essa tal morte inesperada, quando alguém deveria estar de chegada e, inexplicavelmente, é de partida e, de partida para sempre que se está... 

Que grosseria é essa que se faz sem avisar? Que não nos dá tempo para dar um abraço, para dizer aquelas coisas que a gente não fica muito à vontade para dizer sobre o que se sente, o que se pensa...  Afinal, a gente acredita que haverá tempo para isso, nossa hipócrita pseudoimortalidade nos faz crer que sempre haverá um depois e, de repente,  de repente não há...

Grande tolice! Tanta coisa a dizer, e eu... eu nada disse... Direi agora, pois se além da dor, algo fica, é a certeza de que para falar de amor, não há hora...

Ela não teve tempo para olhar a agenda, os compromissos de amanhã, a festa que haveria e, ao invés de chegar, partiu. Partiu... levou seu corpo esguio de aparente fragilidade para outro espaço habitar...

Mãe, esposa, filha, irmã, educadora, colega, amiga...  mulher dócil, delicada e gestos de brava guerreira...grande lutadora! Especialmente, na luta pelo sonho de um mundo justo e fraterno.

Para tanto, a educação humanizadora, transcendia a generosidade de suas palavras e transparecia em suas atitudes éticas, solidárias e de amorosidade para com todas as pessoas...

Repentinamente, a poesia tornou-se dorida, os versos desconexos... e, não sabemos mais se prosa se escreve
com 's' ou com 'z'... e agora, quem irá nos tirar dos apuros
da Língua-mãe, que ela não somente admirava, como  empenhava-se para divulgar e fazer acontecer?


Ela não virá mais com aquele jeitinho meigo, cheia de cuidado para não atrapalhar, pisando miudinho para não fazer barulho com o salto alto de seus scarpins tão bonitos, de tão bom gosto compondo a elegância do seu jeitinho delicado de ser...

Seu perfume suave não ficará mais pelo corredor, denunciando sua presença discreta e, responsavelmente, diariamente, debruçada sobre as demandas de ontem, de hoje e de amanhã...

Ah, colega... cadeira vazia é convite para a saudade assentar... Tu não estás fisicamente entre nós... mas, na cadeira vazia ficará para sempre a saudade de tua lembrança, do teu coleguismo, do teu profissionalismo, de tua disponibilidade e, do teu exemplo de dedicação...

Obrigada pelo tempo que tivemos a graça de tua convivência!   
                                           
Com carinho,
 
Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 16/07/2012
Reeditado em 29/07/2012
Código do texto: T3781567
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