São Pedro: das trilhas de boiadas do sertão ao povoado dos bordados - J B Pereira
São Pedro: das trilhas de boiadas do sertão ao povoado dos bordados
J B Pereira
Ninguém imaginava que das trilhas dos tropeiros surgiria uma vila cuja beleza encantaria a muitos ainda hoje. Por aqui, nativos e animais passaram por muitos anos. A possível mais antiga trilha pode ser datada de 1725, com a passagem do Picadão (essa pousada, possivelmente, era o centro do povoado de São Pedro naqueles tempos Bandeirantes), aberta por Luís Pedroso de Barros, que perfazia o duplo sentido das Minas de Cuiabá a São Paulo. Depois, o inicio do povoamento se deu com a primeira produção agrícola em 1941, esforços de Joaquim Teixeira de Barros que veio fundar a freguesia com seus dois irmãos, José e Luis Teixeira de barros, vindos de Itu, interior paulista. Eles chegaram a Vila Nova da Constituição, hoje Piracicaba. Eles adquiriram as Sesmaria do Pinheiro e organizaram o povoado e fazendas de cana-de-açúcar e café e formaram pastos para o gado leiteiro. Esses são os símbolos do brasão que tremulam aos ventos nas vivas cores da bandeira municipal de São Pedro. A imigração italiana veio entre 1890-1995, fortalecendo a economia local.
Nossa viagem no túnel do tempo, provavelmente, nos convida a vislumbrar cenas do século XIX. Especificamente, construíram uma capela em 1842 no local entre as trilhas para a visitação dos tropeiros em viagem por essa região. Em 1860, o local é distrito; freguesia em 1860; vila em 1879. E município em 1881, comarca em 1892.
O Município de São Pedro, com área total de 611 km2, posui a população de quase 32 mil habitantes. Seu relevo ricamente variegado entre declives nos lindos planaltos de serras alinhadas e as longas planícies;há ocorrência de latossolos, com corpos intrusivos magmáticos e seus sedimentos paleozóicos, com areias quartzosa, solos hidromórficos, com várias vertentes e suas cachoeiras. A vegetação diversificada entre floresta latifoliada, densa a campos e cerrados, apresenta alguns trechos erosivos. Sua hidrografia se amplia com a presença de rios como Piracicaba, Capivari e Jundiaí no Vale do Médio Tietê, com sua área de 15.200 km em uma depressão periférica e cuestas basálticas, falhamentos cenozóicos. O clima tropical, seco-frio em abril a setembro, temperatura entre 16º e 19º C; quente-úmida em outubro a março, com temperatura entre 22º e 27º C; as médias anuais são superiores a 22º Centígrados. A cidade localiza-se no centro-leste de São Paulo, distando-se da capital 180 km. A cidade pertence à região administrativa de Campinas. Limita-se, ao norte, com Itirapina e Brotas; ao Leste, com Charqueada; ao Oeste, com Santa Maria da Serra e Torrinha e, ao Sul, com Piracicaba. Na região sudeste, está inserido totalmente o Município de Águas de São Pedro, cujas águas medicinais atraem turistas e idosos desde sua emancipação em 1948, tornando-se instancia hidromineral (IBGE, 2010).
A serra de São Pedro ou Cuesta do Itaqueri manteve-se como espaço de diversidade ecológica e o ponto de observação inesgotável e invejável. Tanto a visão diurna e noturna são algo esplendoroso e convidativo. O Mirante do Cristo é um dos pontos do turismo ecológico, além de ter saída pela Serra ao Museu; há também os padres Capuchinhos, o caminho asfaltado em direção às chácaras, a Brotas, Torrinha, Jaú, Bauru, etc.
A primeira rede de água talvez seja de 1907; hospital em 1908; rede de iluminação pública em 1918; aeroporto em 1936; turismo em 1940 com os bordados; Estação de tratamento de água em 1942; educação local em 1873, oficialmente a educação em 1890. O grupo escolar é de 1913 e o ginásio é de 1948. (SANTOS, 2009)
Atualmente, a diocese de Piracicaba administra com seu bispo e sacerdotes as igrejas da cidade de São Pedro, com a ajuda de freis capuchinhos, mais três diáconos permanentes (diaconato é o primeiro grau do sacramento da Ordem; esses diáconos são leigos casados que pertencem à hierarquia eclesial pelos votos proferidos e sua integralização ao sacramento da Ordem) .
A expansão da cidade aconteceu a partir da década de 1960. No século XX, lá pelo ano 1972, São Pedro foi declarada Estância turística, e não podia ser diferente, devido à sua exuberante paisagem, às águas minerais, ás grutas, ao espaço de lazer, ao esportes entre trilhas e às cachoeiras. Do alto da serra, há tirolesa, o convento, o mirante, além de lindos balões e asa-delta singrando os ares e brincando nas alturas; no mirante, existe restaurante acolhedor. A cultura do bordado vigorou entre 1940 a 1980, ano em que foi declarada Capital dos Bordados, deixou marcas na memória coletiva. Ainda o bordado é reconhecido, juntamente com a Igrejas São Pedro (seus altares antigos e fotos dos antigos afrescos italianos - provavelmente são de 1898 e eles estão disponíveis no Museu de São Pedro. no prédio do Antigo Grupo Escolar), a Igreja de Santa Cruz (datada de 1935; esta igreja conta com ajuda de benfeitores e dos amigos para ser restaurada; nela há lindos painéis) e Igreja de São Benedito e sua respectiva praça. Em fotos e arquivos, registraram a história da antiga Estrada de Ferro de Cia Sorocabana de 1893, a partir da qual escoava o café para o Porto de Santos.
O Museu e a Biblioteca se destacam no entorno da antiga praça, onde aparecem lindas figjeiras e palmeiras imperiais. A praça com o busto do poeta Gustavo Teixeira e o Coreto são outras lindas atrações ao turista. As pessoas podem encher galões com água pura nas fontes ou minas locais, entre elas a do Parque municipal Maria Angélica. As festas locais reúnem gente do entorno a séculos. Valorizando a cultura local, há certame de poemas todo ano. O nome de Gustavo Teixeira é declinado maviosamente ainda entre os cidadãos; os livros são enaltecedores à figura singela desse poeta parnasiano. Visite a cidade, o museu, suas praças, lojas; não se esqueça da Serra.
FONTE: Veja lindo e minucioso Painel no Terminal Rodoviário de São Pedro, dados coletados por J B PEREIRA em 01/07/2012, às 7:10. Informações de Antônia Aparecida Pallú, de 1981, com a inscrição poética: “À criança, desta terra, Minha Terra.”
“À criança, desta terra, Minha Terra.”
De muito, o rigor da paisagem encanta a pupila
Inquieta dos que visitam a serra;
São momentos de vital alegria,
Porque sua memória ainda cintila
Nesses ares estacionais e acalenta
Um amor nativo de quem aqui vive,
Nasceu, cresceu, criou família.
Acolhe, com respeito e amor, os forasteiros
de outras invernadas que vêm tentar
novas empreitadas; construir e editar suas vidas...