Mãe com acúcar...
Quem substitui aquela que acorda durante a noite para levar seu pequeno e amado ser a fazer xixi;
Que te faz cantar melosas cancões das décadas de 30, 40 ou 50;
Que encobre suas traquinagens e mesmo passando sabão, é em quem te refugias de tuas próprias artes;
Quem é essa que sorri quando no meio da noite, a acorda a pedir bolinhos de chuva passados no acúcar com canela, ou aquela canjica quetinha servida no prato de esmalte;
Quem é que o ensinou a orar e a rezar o terco, que te lembrou e lembra a cada dia que há um Pai que o ama e o acompanha sempre;
Que te faz lembrar com doce saudade das árvores galgadas, as amoras colhidas, as goiabas roubadas;
O bolo de aniversário, mal enfeitado mas com sabor único de carinho;
O xarope de acucar mascavo, forte, serenado;
As roupas feitas com esmero na antiga máquina de pedal...
Quem é que enfrentava pai e mãe, preterindo teu castigo, pleiteando tua ida ao parque, teu pernoitar com a prima?
Quem mais poderia amá-lo e entendê-lo de forma tão livre e incondicional?
Minha avó em sua sabedoria me dizia: Vó é mãe com acúcar...
Que saudades! Avós são eternas...
...Pois mesmo distantes na imensidão dos mundos
Continua a vigiar e guardar nossos passos
Com sua voz clara e atual
Cochichando em nossos ouvidos...
...Não faca isso meu filho...
À minha querida avó Margarida Silva 22/01/32+ 29/04/97