O FAZENDEIRO GERALDO CARLOS

O FAZENDEIRO GERALDO CARLOS

(Reminiscências)

Geraldo Araújo Vidigal, também conhecido como Geraldo Carlos, filho de José Carlos Soares Araújo (Capitão Carlos) e Olímpia das Mercês Vidigal Araújo. Nasceu em Calambau, na Fazenda Boa Esperança, no dia 05 de julho de 1.907.

Aos sete anos, frequentava a escola da fazenda, cuja professora era a sua irmã Maria Rosa Vidigal. Aos nove anos, começou a frequentar a escola da Fazenda Bananeiras, propriedade do Sr. José Moretzsohn, sendo sua professora a Dona Alzira Ribeiro, da cidade de Mariana. Em sua autobiografia, o Sr.Geraldo disse que lucrou muito em ter frequentado aquela escola porque a professora era excelente e, também, pelo convívio ali na fazenda Bananeiras com “ gente culta e de grande personalidade”. Com a professora Leonídia de Lourdes Faria, também de Mariana, concluiu o terceiro ano, ainda na Fazenda Bananeiras. Tendo Dona Alzira Ribeiro sido nomeada para Calambau, o Sr.Geraldo foi também para lá a fim de terminar o quarto ano primário , em companhia de seu irmão José. Findo esse período, trabalhou por dois anos na casa comercial do seu tio Juca Quintão, em Calambau.

Eis o que consta do seu caderno de anotações, por ele denominado “Meu livro de histórias”, oferecido à sua prima Sinhazinha:

“ Quando eu era ainda menino, acompanhava o meu pai, viajávamos a cavalo, montados em bons animais. Sempre íamos à missa em Calambau, terra que meu pai adorava. Depois da missa, sempre encontrávamos com bons amigos e parentes, ocasião de tomarmos um cafezinho sempre na casa de tia Belinha e do tio Juca Quintão. Sempre estávamos presentes na festa do padroeiro Santo Antônio e durante o mês de maio com as rezas, coroações e animados leilões.

Havia em Calambau uma ótima banda de música, considerada a melhor da região. No dia 13 de junho, dia do Padroeiro Santo Antônio, todos os fazendeiros mandavam carros de bois com milho, para o animado leilão. Quando já possuía a minha fazenda, eu mandava o meu carrinho de milho e também o meu arroz bem catadinho para ser arrematado em honra de Santo Antônio.

A festa de São Sebastião que era considerado o protetor da peste e fome, também era muito animada. Como na festa do padroeiro, também, havia uma concorrida procissão.

No dia 13 de março havia o banquete de São José. O nosso querido Padre Chiquinho fazia questão de haver o maior número de pessoas para comungarem neste dia memorável.

No Natal, quando eu ainda era menino, recebia do vigário uma lista para tirar esmola que seria oferecida ao menino Jesus, o que era para mim motivo de muito orgulho.

No Carnaval, o nosso Vigário gostava de reunir o povo para fazer os três dias de adoração ao Santíssimo Sacramento. A Igreja enchia de gente e era terrível o calor do mês de fevereiro. A turma que adorava era trocada de hora em hora, com o sinal do sino. A maioria dos fazendeiros que possuíam casas na "cidade", passavam lá os três dias com a família para a Adoração e assistirem à Santa Missa.

Aos dezesseis anos vim para a fazenda de meu pai, Fazenda São Geraldo, vizinha da Fazenda Boa Esperança. .

A Fazenda Boa Esperança ficava em Calambau e a São Geraldo, em Porto Firme.

Em 1.945, perdi o meu pai Juca Carlos. Neste mesmo ano contrai matrimônio com Maria de Lourdes Couto Vidigal. Com este casamento tive grande êxito, não somente porque ela era uma moça inteligente, como também de grande capacidade para dirigir uma casa.

Em 1.954, criei na Fazenda São Geraldo uma escola primária e a sua primeira Professora foi a Olímpia Quintão, minha sobrinha. Depois de algum tempo, a escola tornou-se municipal com o nome Escola Dom Bosco. Nela estudaram os meus filhos: José Carlos; Daniel, David; Geraldo; Jônatas e João Batista."

O Sr.Geraldo Carlos faleceu em 2010, com a idade de 101 anos.

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MuriloVidigalCarneiro

murilo de calambau
Enviado por murilo de calambau em 23/05/2012
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