A maior das obras

Como escritor, mesmo amador, escritor de gaveta que publica seus curtos textos num site de internet e que tem o sonho de um dia fazer disso uma profissão, embora não tenha idéia de como, tenho o objetivo e até certa obrigação de por em palavras escritas (e nem sempre perfeitamente entendíveis) sentimentos meus e dos outros ou mesmo aspectos da vida cotidiana. Durante boa parte do tempo que escrevi, quando não escrevia historias fictícias, tive sucesso em meu objetivo, até o dia que resolvi traduzir para a tela do computador, certa mulher.

De todas as artes que pude testemunhar ela é a mais sublime, a mais bonita, a mais sensível, cada parte de seu corpo renderia operas e mais operas, poderia escrever muitos livros sobre cada um de seus olhos, sobre cada lábio, sobre cada mão...

Me frustra não conseguir escrever uma obra definitiva, traduzi-la completamente em palavras poéticas, a cada texto, cada ponto final que escrevo me vem em seguida a sensação de que poderia ter falado mais, não importa o quanto eu puxe, nunca é o suficiente.

A maior de todas as obras é aquela que hoje me chama de seu, a mulher que amo e que conquistei nesta tentativa de transformá-la em parágrafos, mulher que me inspira mesmo calada, mesmo longe. Seus gestos quando os observo fazem saltar aos meus olhos palavras que gritam para serem organizadas num papel e serem mostradas a quem quiser ver.

Sua força me encanta, seu nome é a palavra mais linda que posso escrever e pronunciar diariamente, Tarcila, sinônimo de coragem e inspiração essencial de toda arte. Que me joguem pedras os homens e mulheres que preferem a praticidade ao romantismo, que todas as palavras sejam só palavras, exceto o nome dela que em suas sete letras já me diz tudo que eu preciso saber.

Sei que se soubesse pintar, encheria uma galeria com quadros retratando-a das mais diversas formas, das lúdicas as sexuais, se fosse compositor haveriam álbuns e mais álbuns de canções em sua homenagem, mas sou apenas um escritor e hoje completo mais de sessenta paginas tentando mostrar ao mundo como eu a vejo.

Confesso ser estranho conviver com uma frustração que quero preservar, tomara Deus que nunca consiga escrever um texto onde tenha dito tudo sobre ela, acho difícil que aconteça pois, todos os dias, ela me surpreende de alguma forma, mulher capaz de com três ou quatro palavras disparar meu coração e fazer o peito queimar.

A maior das obras primas hoje me chama de seu e eu a chamo de minha, permito-me massagear o próprio ego em dizer que, hoje, a maior das obras primas é minha.

E ela ainda nem me namora.