Quantas vezes acordamos
sozinhos no meio da noite
castigados pelo medo do
escuro e antes do terceiro
grito o anjo nos aparecia
para nos comprimir contra
o peito e num sussurro
lindo dizer:
- Caaaaalma, a mamãe
está aqui.
Quantas vezes nos
sentimos inseguros
atemorizados pela cisma
que nos diminuía e
assim olhávamos
para a estrada
e ela se movia
como uma serpente
e nós sem coragem
de dar o passo e o anjo
segurava nas nossas
mãos suadas olhava fundo
nos nossos olhos
e com voz aveludada nos dizia:
- Meu amor,
não tenha medo
sua mãe estará sempre aqui!
Quantas vezes nos sentimos
tão pequenos após
alguns fracassos,
depois da prova mal feita,
da gozação dos colegas da sala,
do gol perdido na decisão,
do tombo no pátio da escola,
e corríamos sempre para aquele
cantinho da casa onde nos
refugiávamos para ruminar
nossos dissabores
e o anjo que tudo vê,
que tudo sente
sempre aparecia
com aquele sorriso
esboçado nos lábios,
agachava do nosso lado
e com um abraço quente
nos perguntava afagando
nossos cabelos
e enxugando nosso pranto:
- Conta pra mamãe,
o que aconteceu, conta!
E quantas vezes
nós já crescidos,
tão independentes,
tão fortes, tão estruturados,
tão cheios de confiança
e de repente o destino
numa manobra de gênio,
como numa jogada
infalível de um mestre do xadrez,
nos cerca os caminhos,
nos deixa sem o chão,
nos deixa fragilizados
ao ponto de num momento
as vezes de desespero
gritarmos para o nosso anjo:
- Mãe, me ajuda!
E o anjo deixa a vida
e corre para nos amparar nos braços,
nos confortar com seu amor gigante
e nos dizer sofrendo, absorvendo
a nossa dor para
nos enxugar o pranto:
- EU TÔ AQUI! EU TÔ AQUI!
CALMA! CALMA!
E só então percebemos que
nuca deixaremos de ser aquela
criancinha frágil que precisará
sempre do seu anjo para
nos carregar no colo durante
a passagem pelos caminhos da vida!!!!!!
Você pode ler este texto com fundo musical ( Ave Maria por Richard Claydman ) pelo meu site - www.lavinskvetter.com em homenagens