Dia de conquistas
Dia de conquistas - homenagem aos que se sacrificam para manter a produção.
Ao longo dos últimos 30 anos nossos trabalhadores estão “conquistando” diversos benefícios em suas atividades profissionais.
“Escravos” em fazendas do interior (aonde a mídia não chega porque os “coronéis” não deixam) se esfolam junto com o ciclo solar diário. Descalços, sem assistência médica, sem chances de alcançar a educação, sem carteira assinada, dormindo em galpões contaminados e sempre “devendo” ao patrão que lhes paga R$ N,00 pela labuta estafante e cobra R$ 2N,00 pela “comida, saúde e moradia” (?).
Trabalhadores no fundo de minas sem estrutura adequada de preservação da saúde dificilmente conseguem atingir 60 anos de vida após respirar o ar contaminado no local de extração.
Policiais e bombeiros arriscam suas vidas diariamente. Enquanto os riscos aumentam em velocidade logarítmica, seus salários tropeçam em passada aritmética.
Funcionários da área médica precisam fazer jornadas duplas devido à enorme demanda de doentes (evitáveis) que entopem hospitais abarrotados. Dentro deste cenário, começa ser normal recebermos notícias diárias de aplicação trocada de medicamentos e operações com próteses inadequadas.
Professores perdem seu espaço (até são agredidos) em função do desrespeito de seus pequenos alunos protegidos por um demagogo direito “di menor”. Como se não bastasse, recebem salários abaixo de ascensoristas e motoristas que servem aos “legisladores” que nada fazem para alterar tal cenário.
Enorme contingente com potencial de trabalho prefere ficar deitado na rede recebendo alguma “bolsa” em troca de perpetuar no poder os mentores desta barbaridade.
Jovens estão com o futuro comprometido por serem aprovados apenas por comparecerem à escola debilitada (nem precisam entrar na sala de aula). Quem aprende a somar e subtrair (multiplicar e dividir, nem pensar) ainda tem alguma chance de se tornar porteiro de baile noturno. Sabendo contar até 10, pode se tornar juiz de Box. Dentro de 10 anos estes “excluídos” (propositalmente) engordarão a legião de “bolsistas” famintos e submissos.
Um belo ambiente que nos garante o estado de colônia por mais 500 anos.
Apesar desta breve citação quase pessimista (afinal de contas o túnel está sem luz, mas ainda não desabou), não há porque ficarmos alarmados. O povo ainda está feliz porque pode assistir o BBB, ensaio de samba e futebol botinudo.
E para coroar esta felicidade, no dia primeiro de maio pode “comemorar” o reconhecimento por sua produtividade que faz esta nação avançar velozmente.
Em direção ao abismo social.
Haroldo P. Barboza – Vila Isabel / RJ
Autor dos livros: Brinque e cresça feliz / Sinuca de bico na cuca