Terra da Gente - (Homenagem à São João da Boa Vista)
O espírito habita um lugar nenhum.
E o lugar nenhum é todo lugar,
Pois nada e tudo
São tão distantes
Quanto próximos.
O corpo, porém,
Tem lugar específico.
Daí habitar um lugar definido.
E este lugar poderia ser um deserto,
Ou poderia ser uma floresta;
Poderia ser o campo,
Poderia ser uma cidade.
Seria simplesmente um descampado,
Ou um ponto cercado de belas montanhas.
Teria esse lugar tardes insípidas.
Ou estas seriam premiadas
Com um entardecer crepuscular
Que em meio a toda beleza objetiva
Guardaria em seus vermelhos algo de subjetivo.
Esse lugar poderia ter um rio ou não.
Mas se tivesse, suas águas levariam as mágoas diárias.
Poderia ser um lugar tão bom
Que daria saudade àqueles que fossem embora,
Que faria felizes aqueles que vivessem ali.
Esse pedaço de mundo
Poderia estar muito perto,
Tudo dependeria do vivente em questão.
Certamente, não seria o paraíso,
Pois em meio às coisas boas haveria algumas ruins.
Mas isto faz parte da vida de um corpo,
Pois o corpo é matéria
E necessária no mundo das coisas para viver.
E o mundo material é assim,
Cheio de linhas retas e tortas.
Porém, certos lugares têm um quê de sonho
Que permite espantar as amarguras da realidade....
Que possibilita, mesmo que,
Por pequenos instantes,
Que o corpo lembre-se
Que embora um dia irá parar de funcionar.
Ele tem dentro de si um espírito viajante
Que caminha pela eternidade,
Mas que guardará para sempre,
Um lugar que foi a terra da gente.
Gilberto Brandão Marcon
Jornal O Município
São João da Boa Vista
24/06/1987
Fotografia: Sílvia Ferrante
O espírito habita um lugar nenhum.
E o lugar nenhum é todo lugar,
Pois nada e tudo
São tão distantes
Quanto próximos.
O corpo, porém,
Tem lugar específico.
Daí habitar um lugar definido.
E este lugar poderia ser um deserto,
Ou poderia ser uma floresta;
Poderia ser o campo,
Poderia ser uma cidade.
Seria simplesmente um descampado,
Ou um ponto cercado de belas montanhas.
Teria esse lugar tardes insípidas.
Ou estas seriam premiadas
Com um entardecer crepuscular
Que em meio a toda beleza objetiva
Guardaria em seus vermelhos algo de subjetivo.
Esse lugar poderia ter um rio ou não.
Mas se tivesse, suas águas levariam as mágoas diárias.
Poderia ser um lugar tão bom
Que daria saudade àqueles que fossem embora,
Que faria felizes aqueles que vivessem ali.
Esse pedaço de mundo
Poderia estar muito perto,
Tudo dependeria do vivente em questão.
Certamente, não seria o paraíso,
Pois em meio às coisas boas haveria algumas ruins.
Mas isto faz parte da vida de um corpo,
Pois o corpo é matéria
E necessária no mundo das coisas para viver.
E o mundo material é assim,
Cheio de linhas retas e tortas.
Porém, certos lugares têm um quê de sonho
Que permite espantar as amarguras da realidade....
Que possibilita, mesmo que,
Por pequenos instantes,
Que o corpo lembre-se
Que embora um dia irá parar de funcionar.
Ele tem dentro de si um espírito viajante
Que caminha pela eternidade,
Mas que guardará para sempre,
Um lugar que foi a terra da gente.
Gilberto Brandão Marcon
Jornal O Município
São João da Boa Vista
24/06/1987
Fotografia: Sílvia Ferrante