MEU PAI

São passados seis anos desde a tua partida; nada desde então, digo, quase nada mudou.

O imóvel que nos abriga é aquele que acolhia o lar; nele ainda protegem-se teus entes queridos.

Às memórias reverberam as lembranças de tua face com o resplandecer dantes e que o será eternamente.

Cada amanhecer segue pondo-se com um quê de horas vazias. Semelhantemente, a luz não se apaga de todo nos vácuos de horas noturnas, como pretendesse clarear a vigília na perpétua espera por teu retorno, que nunca virá.

Pensamento é exímio artista; desenha teu semblante com o exato sorriso como nenhum outro saberia imitar.

Voz também aos ouvidos repete-se em ecos que reproduzem palavras nas frequências e entonações precisas de teus vocais.

Algo, no entanto, mudou: a saudade. Em substância e intensidade, é maior e mais profunda; multiplica-se, propaga-se por todos os limites da alma, penetra nos dutos dos sentimentos e evade-se das memblanas externas do coração.

Enquanto mais efetiva e extensa for tua ausência, será maior a falta ... e, igualmente, o amor a ti.

Israel dos Santos
Enviado por Israel dos Santos em 14/04/2012
Reeditado em 16/04/2012
Código do texto: T3612080
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