Phílos
Meu amigo. Mein Freund...
Algumas luas se passaram desde que partistes. Toda a história, os planos mirabolantes e as conversas partindo das onze horas até os cigarros acabarem.
Primeiro, na cidade de areia. A odisséia sem fim. Onde nossas pobres almas lutavam bravamente contra todas as tribulações. E havia tempo para discussões e estudos sobre a natureza humana, o mundo e Deus, o finito e o sobrenatural. Até tipologias conseguimos teorizar! Os projetos e as idéias, as únicas coisas que nos mantinham acesos, ansiando um novo amanhecer. Passado.
Depois, na cidade do concreto e da fumaça, nos regozijando por termos conseguido! Por acaso lembra-te de quantos meses persistiu a vitória? Fomos engolidos? Ou cuspidos em uma nova realidade... mais fria, distante.
Passei por uma carta a sua amada enquanto vasculhava os retalhos. E recordei de quando me ajudavas e escrever para os meus, no caso, desamores, e o quanto doía, e o quanto era bom compartilhar aqueles momentos. Passado.
Talvez ainda tenhas um plano. Talvez ainda tenhas um projeto. Talvez ainda tenhas uma alma conturbada, nervosa, combatendo demônios enquanto falamos.
Uma única frase ainda ecoa na boca dos fantasmas que cruzam as paredes:
"No fim, será apenas nós, caminhando nos destroços."