SAUDADE DO COLO DO MEU AVÔ


Ele tinha um colo, que mais parecia um ninho macio e acolhedor.
Adorava em seu colo me aconchegar, e me guardar do mundo.
Não havia dor que não aliviasse, ao me sentir abraçada por aqueles braços generosos.
Quando algo me machucava, fosse no corpo ou na alma, era para aquele colo terno, que eu corria.

Seu colo lembrava uma árvore frondosa e amiga, que sempre ofertava sombra e frescor ao viajante cansado ou tristonho.
Para acalmar ainda mais meu coração, havia a voz. Ah, que voz macia e suave. 
As cantigas ganhavam uma beleza ímpar, entoada por ele. A melodia ia caindo em meus ouvidos, como se, penas macias fossem. Nessa hora, minha alma dançava solta e feliz, não importava o que havia me levado aquele colo. 
A voz melodiosa, era habilidosa também, na arte de contar histórias. Ah, quantas ouvi, embalada pelo seu divino dom. Muitas vezes elas se repetiam, e se repetiam, e ainda se repetiam mais uma vez. Porém, aos meus ouvidos eram sempre novas, lindas. Elas me conduziam a tantos e tantos lugares distantes. Como a neve, que sempre entrava em seus contos encantados, e me levava a sonhar em conhecer um chão branquinho, de árvores despidas de folhas.

Em seu colo farto de amor, carinho, doçura, colhi uma porção abençoada do amor que toda criança precisa, e merece ter.
Muito senti, quando me vi crescer, e ele envelhecer, surgiram situações novas, incompatíveis com o antigo hábito de me aninhar em seu colo.
Sua saúde mostrava sinais de preocupação, e eu, cada dia mais pesada, não cabia mais naquele colo tão especial.

Hoje, uma das coisas que mais tenho saudade, é do colo macio de meu avô TOTÓ.
Colo que me abrigava do mundo.
Colo que me mostrava um amor sereno, dadivoso, próprio de Espíritos generosos e bons.
Se criança eu voltasse a ser, uma das coisas que pediria à Deus, é que me concedesse outra vez, um colo doce como o do meu Avô TOTÓ.




(Foto da Autora)






Lenapena
Enviado por Lenapena em 11/04/2012
Reeditado em 11/04/2012
Código do texto: T3606369