Doce lembrança
Hoje remexendo em minhas coisas achei um cravo que o tempo se encarregou de secar,e com ele a lembrança doce de uma garota que foi minha aluna na sétima série ha muitos anos atras.
Eu dava aula de história e sempre fui considerado o tipo de professor chato,que os alunos temem só de ouvir o nome mas isso nunca me incomodou.Era até melhor assim pois eles me respeitavam.
Eu tenho um problema nas vistas e por isso já naquela época não podia ficar sem óculos escuros e eu os usava até mesmo na sala de aula.Também tinha de estar sempre agasalhado com roupas quentes pois ao menor vento eu caia de cama.
Um dia eu entrei na sala de aula e me deparei com um par de olhos grandes e brilhantes que me fitavam como se estivessem vendo uma aparição,era uma aluna nova,vinda de outra cidade.Olhava-me com tanta insistência que nos primeiros dias fazia-me sentir mal e a todo tempo eu tinha que dirfarçar , graças a Deus eu vivia de óculos escuros!
Mas a verdade é que com o tempo eu me pegava contando os minutos para que chegasse logo a hora da minha aula naquela sala.Ela nunca faltou;e quando por algum motivo eu não podia ir sabia que sentia a minha falta pois o olhar dela no outro dia me confessava isso.Ah...aquele olhar despertava em mim sentimentos à muito esquecidos,a sensação era maravilhosa,o carinho que ela tinha por mim me enchia de orgulho,de certa forma passei a ver a vida por um outro ângulo.
É bem verdade que nada houve entre nós,eu a admirava,a respeitava
e jamais deixei transparecer que sentia o mesmo por ela embora sei que ela no fundo sabia que por traz dos óculos os meus olhos diziam sempre o contrario.
O ano acabou e eu soube que ela ia voltar para sua cidade,isso de certa forma me tocou muito pois perderia muito mais do que uma aluna dedicada,perderia uma amiga embora muitas vezes acho que ela pensasse outra coisa de mim.
Foi quando ela chegou sem que eu esperasse e estendeu a mão na qual segurava um cravo vermelho oferecendo-o para mim,deu-me um beijo no rosto e sem nada dizer foi embora me deixando ali parado sem saber o que fazer.
Hoje,depois de tantos anos,me pego suspirando na simples lembrança daquele tempo que não volta mais.