***O PRÍNCIPE DOS MEUS DIAS***

(Homenagem)

Era tanta beleza no olhar, no jeito de falar, na expressão ao sorrir e na resignação, de chegar aos noventa anos que já caminhava para os noventa e um.

Essa foi uma mudança de plano, pois na verdade, ele sempre dizia, que faria uma grande festa ao completar Cem anos, falava com tanta convicção que acreditávamos.

Mas devido ao coração e da pequena sequela de quando passou por um infarto.

E também, a debilitação das pernas em consequência da avançada idade que enfraquece os ossos, impossibilitando de ter a ligeireza que estava acostumado no decorrer da vida.

Vida!

Ela prega peça, e quando ela assim decide, não há nada que a impeça.

Assim, um jovem senhor, orgulhoso de sua idade e das duas famílias que ao longo da vida, construiu com perseverança e amor.

Fica a mercê de um tombo e tem da perna o fêmur fraturado.

E no quarto de hospital, o bom humor e a beleza do seu sorriso estão presentes.

Porém, na singeleza da peça que a mente nos prega com a idade, ele não sabe o que está fazendo ali naquela cama de enfermaria.

Uma filha pergunta:

O que o senhor está fazendo aqui?

Ele responde: Vim descansar.

A outra: O senhor sabe por que não consegue mexer com a perna esquerda?

Ele responde, com um olhar risonho, pensativo, como que procurando uma razão para aquela situação.

Fotos das bisnetas mostradas do celular conseguem deixá-lo emocionado.

Ele adormece.

Dois dias depois passa pela cirurgia, no caso, necessária.

E a grande surpresa dos médicos.

Um idoso forte, cheio de vontade viver.

A recuperação não foi fácil.

Foram dois meses, do tombo ao triste final.

O coração, a pressão, a infecção também pregaram peça.

Os olhos se fecharam, a voz se calou, o sorriso se apagou.

E meu Pai, “Príncipe dos meus Dias” fechou seu ciclo de vida, aos noventa anos de idade, deixando na família saudade, tristeza e LUTO.

17/03/2012

Oswaldo Barbosa, (21 de setembro de 1921 / 17 de março de 2012)