OUTONO - Ofereço a ti e ofereço à minha mãe
Neste dia 20 de março, na alta madrugada começa, no hemisfério sul, a estação do Outono, ao mesmo tempo em que tem início a estação da primavera no hemisfério norte.
Se não dispomos da incrível beleza de cores dos campos na América do Norte, na Europa, na Ásia, em seu Outono que ocorre a partir de setembro, isso não significa que nosso Outono não seja belo. Assim, nenhuma outra estação costuma apresentar céus tão diáfanos nem luas cheias tão esplêndidas nem – permitam-me acrescentar este dado muito subjetivo –melancolias tão profundamente especiais. No Outono as estrelas cadentes se tornam mais visíveis, as chuvas se fazem mais silenciosas, as saudades e as lembranças insidiosas afloram mais intensamente, bem como os relâmpagos ocorrem com maior frequência.
No Outono também há árvores que se cobrem de flores, como a bonina, a espatódea, o manacá, a quaresmeira, a nespereira, a paineira, sendo que desta última existe, há décadas, um belíssimo espécime na pracinha em frente ao prédio onde moro, sempre diante da janela da minha sala, por sinal nos presentes dias já deveras florido, com suas flores rosa, com suas flores símbolo do meu amor, do meu amor sempre protegido entre as pétalas do coração. Assim como as árvores de Outono, a passarada também nos toca a todos com seus múltiplos cantos, nos campos e nas pequenas e grandes cidades do país.
No Outono temos a Semana Santa e a Páscoa. No Outono temos o dia do trabalho, o dia da abolição da escravatura, o dia em que as mães são homenageadas, o dia dos namorados... No Outono temos o tempo da colheita do arroz, o tempo da colheita do algodão.
Há quem diga que o Outono é a mais poética das estações.
Ergamos um brinde ao Outono, tempo de recolhimento, mas também tempo de descobrimentos, tempos de renovação.
Publicação no início da madrugada de 20 de março de 2012.