14 de Março:Dia da Poesia. Castro Alves e Elas

Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), o “poeta dos escravos”, Sua indignação quanto ao preconceito racial ficou registrada na poesia “Navio Negreiro”, um jovem que tira da sua beleza física a maior de todas as virtudes a de completá-la com a sua beleza interior. Junto de Castro Alves, o poeta condoreiro, Agenda Cultural Piracicabana continua a homenagear as "Mulheres Poetas" e a valorizá-las na plenitude da sua vida e na essência dos seus versos. Feliz Dia da Poesia! Feliz Mulher_Poesia!

Ele: Castro Alves

14 de Março Dia da Poesia -Dia de Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na fazenda Cabaceiras, próxima à vila de Curralinho, hoje cidade de Castro Alves, no Estado da Bahia. Suas principais obras são: "Espumas Flutuantes", "A Cachoeira de Paulo Afonso" e o drama já mencionado "Gonzaga ou a Revolução de Minas". Ao livro "Os Escravos" pertencem "Vozes d'África" e "O Navio Negreiro", considerados os dois poemas mais representativos de sua obra.

Elas:

## Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu em 7 de novembro de 1901, na Tijuca, Rio de Janeiro.

(...) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."

## Laura Riding Gottschalk, pseudônimo de Laura Reichenthal (16 de janeiro de 1901 - 2 de setembro de 1991), poeta norte-americana. Poeta reflexiva e iconoclasta,. seus poemas articulam verdadeiras "cenas de linguagem" que investigam os paradoxos e o processo da consciência em seu estado mais alerta, comenta Rodrigo Garcia Lopes.

O MAPA DOS LUGARES

O mapa dos lugares passa

A realidade do papel se rasga

Onde terra e água estão

Estão apenas aonde já estavam

Quando palavras se liam aqui e aqui

Antes de navios acontecerem ali

Agora de pé sobre nomes nus,

Sem geografias na mão,

E o papel é lido como antigamente,

os navios no mar

Dão voltas e voltas

Tudo sabido, tudo encontrado

A morte cruza consigo por toda parte

Buracos nos mapas dão em lugar algum.

(Tradução de Rodrigo Garcia Lopes)

##Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894, sendo baptizada, com o nome de Flor Bela Lobo, a 20 de Junho do ano seguinte, como filha de Antónia da Conceição Lobo e de pai incógnito. É em Vila Viçosa que se desenrola a sua infância. Em Outubro de 1899, Florbela começa a frequentar o ensino pré-primário, passando a assinar Flor d'Alma da Conceição Espanca (algumas vezes, opta por Flor, e outras, por Bela). Em Novembro de 1903, aos sete anos de idade, Florbela escreve a sua primeira poesia de que há conhecimento, «A Vida e a Morte», mostrando uma admirável precocidade e anunciando, desde já, a opção por temas que, mais tarde, virá a abordar de forma mais complexa.

DESEJOS VÃOS _ Florbela Espanca

Eu queria ser o Mar de altivo porte

Que ri e canta, a vastidão imensa!

Eu queria ser a Pedra que não pensa,

A pedra do caminho, rude e forte!

Eu queria ser o Sol, a luz imensa,

O bem do que é humilde e não tem sorte!

Eu queria ser a árvore tosca e densa

Que ri do mundo vão e até a morte!

Mas o Mar também chora de tristeza ...

As árvores também, como quem reza,

Abrem, aos Céus, os braços, como um crente!

E o Sol altivo e forte, ao fim de um dia,

Tem lágrimas de sangue na agonia!

E as Pedras ... essas ... pisa-as toda a gente! ...

##Leila Miccolis nasceu no Rio de Janeiro. É editora, professora de roteiro de televisão, promotora cultural e artista performática. Publicou, entre outros, os livros: Em perfeito mau estado, Editora Achiamé, Rio de Janeiro, 1987; Do poder ao poder - alternativas na poesia e no jornalismo nos anos 60 ...

Camadas

Ser livre não é manter-se

intocável, sem entregas,

nem se dar também, às cegas,

a tudo o que nos agrade.

Ser livre é viver a idade

que sente o nosso querer,

é viver conforme a vida

é sobretudo viver.

E viver é mergulhar

pra emergir com o submerso,

ampliando,a cada dia,

os limites do universo.

##Gertrude Stein_ Escritora norte-americana) (nasceu em 3-2-1874 em Allegheny, Pensilvânia

Faleceu em 27-7-1946 em Paris. Stein, filha de uma família abastada, cresceu na Áustria e na França. Após concluir os estudos de Psicologia com William James e Henri Bergson, estabeleceu-se definitivamente em Paris. O salão de sua casa parisiense viria a ser o ponto de encontro de pintores e escritores de vanguarda. Stein descobriu, por exemplo, Pablo Picasso, que a retratou, e trabalhou com Ernest Hemingway na criação de seus manuscritos. Essa época ficaria refletida na obra intitulada Autobiografia de Alice B. Topklas (1933), narrada do ponto de vista de sua secretária e companheira. Em seus primeiros relatos, como O Modo de Ser dos Americanos (1906-1908) e Três Vidas (1909), Stein utilizou técnicas de escrita que posteriormente viriam a influenciar a prosa experimental: recorrendo a parágrafos inteiros sem interrupções, ela variava e ampliava as suas frases e motivos sem uma lógica aparente, estabelecendo um paralelismo entre um ritmo de composição sem final e o próprio percurso da história do ser humano. São também significativos os seus ensaios entitulados O Que É a Literatura Inglesa? (1935).

STANZA XXXVIII

O que desejo dizer é isto

Não há princípio de um fim

Mas há um princípio e um fim

Para um princípio.

Porquê sim claro.

Qualquer um pode aprender esse norte claro

Não é somente norte mas norte como norte

Por que estavam eles preocupados.

O que quero desejo dizer é isto.

Sim claro.

Gertrude Stein

Tradução de Pedro Calouste

Florbela! Flor Bela! Exposição. Vila Viçosa: Biblioteca Florbela Espanca, 1994.Comemorações do 1º Centenário de Florbela Espanca. Évora: Grupo Pró-Évora, 1996.

Retrato de Gertrude Stein por Riba-Rovira