Epor falar em mulheres - Republicação
Neste domingo reservo-me em palavras para uma especial Homenagem. Mulheres que fizeram e fazem diferença na mulher que sou. De tantas, ressalto aqui algumas, minhas avós,ambas já num outro plano. Quando aqui, participaram ativamente na minha formação, das duas só elogios e um imenso orgulho. A vó paterna, lá do Marajó, mulher guerreira criou dois filhos sozinha, enfrentando a tradicional sociedade de quase um século atrás, muita pobreza e depois galgando um importante cargo Público à época. Uma admirável mulher.A vó materna de treze filhos que pariu criou onze,braço forte do Avô, era sábia na arte de repartir a minguada comida por tantos e pude vivenciar que em torno dela o pouco sempre multiplicava e éramos uma família alegre, sua casa era mágica, todos os dias repleta de filhos, noras, genros, netos para tomar o café da tarde.
Na sequência vem minha mãe, uma Pioneira professora normalista, que ao casar com meu pai, chegou ao Marajó para implantar a escola, instalar a Educação Pública, a primeira escola de Salvaterra, enfrentando firmemente a reação das professoras leigas que costumavam “dar” aulas em suas casas e resistiam aos avanços. Não só em Salvaterra, mas por grande parte da Gigantesca Ilha do Marajó, cruzou rios, implantando e gerindo a Educação. Grande mulher,semeadora da Educação, Exemplo de Educadora e Alfabetizadora.
Dos laços familiares, incríveis exemplos, passo para uma geração atual, igualmente forte: minha ousada filha, grande consciência social e humanitária, aos vinte e cinco anos um Rol de trabalhos sociais, desde muito menina, aos quinze anos, ativista, militando nos trabalhos assistenciais, voluntariados. Aguerrida, racional, foi do Norte para o Sudeste, enfrentando veladas discriminações é hoje Mestranda da UNIFESP em Saúde Pública, com Doutorado já planejado. Excepcional Jovem Mulher.
Vim guindada pelos laços, movida pelos afeto e orgulho, mas pretendo destinar meu escrever a tantas, milhares como minhas avós, mãe, filha, cultas, abastadas, humildes e famintas, certas, erradas, mulheres na essência, mães, trabalhadoras, mulheres que constroem pontes capazes de levá-las para outros destinos, construindo dia após dia essa realidade por vezes aterradora, noutras aglutinadora, a real possibilidade de sobreviver num mundo absolutamente machista onde valores humanos, direitos do cidadão, da cidadã sequer são respeitados.
Hoje quero em especial abraçar as mulheres- mães que labutam para criar seus filhos, Aquelas que os perderam e perderam suas dignidades, as mulheres escravas dos homens, da situação marginal em que vivem escravas do medo, oprimidas, as mulheres mutiladas, as meninas de corpo e alma dilacerados pela violência.
Abraço também o coração das minhas queridas amigas e parceiras de escrita, mulheres sensíveis que colocam suas opiniões, pensar e coração na ponta do lápis, mulheres cujos versos, mensagens e poesias nos aquecem e fazem já não sermos tão sozinhas. Uma flor e um beijo em cada parceira poética, em todas as mulheres que transbordam poesia.
Mulheres hoje, muito ainda a conquistar, mas muito já feito, muitas que provam todo dia seu valor inestimável. A data teve razão dolorosa, triste e marcante, mas hoje lentamente esse caminho já se refaz, reconstrói.
Mulheres nunca frágeis, sim sensíveis, intuitivas e audazes. Capacitadas para tudo, sem perder em graça e feminilidade, sem precisar parecer dura, e como já bem escreveu certo sábio: “Fazem tudo, só que de saltos altos.”
Adendo: Este texto meu foi publicado em 08 de março de 2009. Decidi republicá-lo e preciso apenas reparar que Tássia minha filha, hoje é Mestra em Ciências e Doutoranda em vias de conclusão, ministrando aulas na Faculdade em que concluiu sua graduação.