VAJOR ERRANTE

Uma homenagem aos meus conterranêos nordestinos.

Correndo na veia

O desejo nômade

Do viajor errante,

Enxotado pelo espectro da seca;

– Sou retirante

Vindo de terras distantes!

Tenho o coração endurecido,

Que embruteceu e ressecou.

Mas, ousou procurar

Em outras paragens, o verdor;

Tornando, da vida, eternos

Os instantes.

Vem de longe,

Léguas e léguas adiante.

Mãos calejadas,

Mexendo com terra,

Mas, sem plantar

Semente nenhuma;

Só concreto e tijolos.

Com gestos inquietantes,

Encerra nas mãos,

Prédios, vilas e pontes,

Fazendo brotar do chão,

Como capuchos e flores!

Zé Salvador
Enviado por Zé Salvador em 19/01/2007
Código do texto: T352120
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