VAJOR ERRANTE
Uma homenagem aos meus conterranêos nordestinos.
Correndo na veia
O desejo nômade
Do viajor errante,
Enxotado pelo espectro da seca;
– Sou retirante
Vindo de terras distantes!
Tenho o coração endurecido,
Que embruteceu e ressecou.
Mas, ousou procurar
Em outras paragens, o verdor;
Tornando, da vida, eternos
Os instantes.
Vem de longe,
Léguas e léguas adiante.
Mãos calejadas,
Mexendo com terra,
Mas, sem plantar
Semente nenhuma;
Só concreto e tijolos.
Com gestos inquietantes,
Encerra nas mãos,
Prédios, vilas e pontes,
Fazendo brotar do chão,
Como capuchos e flores!