Dias Sombrios (Segunda Guerra)
No dia do chamado os olhos transbordaram em lágrimas ao ouvir meu nome. Não eram de orgulho, muito menos emoção.
Lágrimas de tristeza por deixar família, amigos... Por deixar meu país.
Dias viajando em trens de carga para depois o embarque no navio.
Este podendo estar levando-nos a uma viagem sem volta,
Intermináveis dias de sofrimento
Dias frios, sombrios, a névoa nos espreitava e o medo das trincheiras
Noites vazias no silêncio de terras italianas.
Silêncio quebrado por um soluço de saudade de algum soldado...
Ou pelo deslizar de uma lágrima...
O rigoroso inverno congelava nossas almas ao ver companheiros sendo mutilados, levados... Sem vida;
A fome impiedosa torturando a frontaria.
Éramos extremamente fortes, másculos, mas a fragilidade nos agredia.
Com o passar dos meses, só desejávamos o fim dessa guerra cruel.
O regresso ao Brasil, às nossas casas, aos nossos amores...
Enfim findou-se, mas nem todos puderam regressar.
Muitos deram suas vidas pelo nosso país
E... Vencemos, mas não felizes por tal proeza
Levarei comigo até o fim da minha vida as tristes lembranças...
Mas também o orgulho de ter lutado e sobrevivido
E... De poder estar aqui hoje contando a minha neta uma história
Em que não deixei ser uns dos protagonistas.
(Baseado em fatos reais relatados por meu Avô Mario Dallabona, expedicionário brasileiro)
Esse texto foi escrito em homenagem aos Soldados que lutaram pela democracia e retornaram à Pátria com a convicção do dever cumprido.
Sendo que 21 de fevereiro foi o dia da tomada de Monte Castelo na Itália
Estela Maris