HOMENAGEM A JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS
Confissões aos Cem Anos (03-08-07 e 09-12-08)
Abro meu sorriso frente a tênue sombra de tua glória
Olhos assim tolhidos caçam almas descuidadas
Face desfigurada pelo tempo, neste mar de recordações
Desta alma ambiciosa, onde os vales e os rosais miravam
Algibeira aquebrantada deste riso de dúvida atroz!
Em teu seio, sou morada triste e escura
Com teu tempo, teu cansaço, minhas mãos, meus pés sangrei!
Se este bálsamo de blasfêmias meus lábios poluíram
Talvez alivie a dor no desânimo da lira
Onde beijarei a terra no mortal e derradeiro abraço!
Quero assim ouvir-te, musa da beleza insana
Pelos ecos de tuas várzeas, vão-se aí os meus lamentos
Sequiosa, soberana! Tornarei volver a terra de que um dia pertenci
Onde banharei minh'alma em tua luz que assim conduz
Na solene, vivaz e servil brandura da solidão
São lírios suaves e ardentes, tua tez tranquila e alva
Mel divino, fina flor, rubra rosa da poesia
No delírio de te amar, seja sempre o meu martírio!
Filha da dor, de lânguida e perene harmonia
Do sangue virgem de inocência que a morte desdenhou
Ignotas-te das lamentações que enfim levaste a campa
Pesa duro sobre mim o cálice tão estio da eternidade
Que alimenta este tormento de fel e de desgosto
Já despida de tua glória, descrédula do mel que cingia teus lábios
Jazigos salomônicos nutrem epitáfios da tenra mocidade
Levanta-te deste leito maldito que te encerra!
São crisálidas suaves, vibrantes que erguemos a ti!
Da lamúria feminina, da devoção que carregas a sete ventos
Do despojo colérico de sexo frágil que te embriaga
Capitu é o exemplo dos exemplos desta paixão desvairada
E que imagem nos deixou, de mistério, luxúria e calor
Assim, vós, o mulato do Rio, o legítimo bruxo da calada
Das noites tão longas de bico de pena, velas e rubor
São versos de machado que inspiram-me hoje e amanhã
O diga Quincas Borba no alto de sua insanidade natural
Mas qual deles? O cão fiel, derradeiro hipnótico de divã?
Ou as divas tresloucadas que atormentaram Dom Casmurro
Somos a mão e a luva, perfeita ressurreição transcendental
Homenagem sincera do inimaginável féretro... sim, é duro!
Que esquife poderá defenestrar essa genialidade?
Que futuras gerações abalarão suas obras e riquezas?
São vozes de Brás Cubas que ecoam na cidade
E transbordam de culturas mil tuas purezas!
São cem anos de deslumbre, primeira cadeira da academia
O tempo não poderá opor-se a magistralidade deste que amou
Sua Carolina, suas mulheres, seus afãs histéricos, doce vida mia!
Em seu último memorial, o de Ayres, a crítica chorou
No ano de 1908 o Brasil então parou, rendeu-se ao mago
E viu a gama estupenda de alegrias que nos deixou
Vós sois múltiplos, sim, vós! Não podes ser um apenas
Ironias contrastantes são marcantes de facetas, como um dado
Mais crisálidas por imensos campos do paraíso permeou
Por toda nossa terra, aplausos e “glamour” até Atenas!
O romance é o rosto de Assis, de corpo e nascença
Joaquim Maria fez-se grande, vejo pouca semelhança
Deste eterno gênio de amores e rimas, dor e comoção
Recordaremos nostálgicos, certos da mesma emoção...
PS. Quando da escrita deste em 2008, completavam-se cem anos da morte do eterno escritor brasileiro, sem dúvida o maior de todos. Texto com formatação simples, como era a pena do Mestre...
Confissões aos Cem Anos (03-08-07 e 09-12-08)
Abro meu sorriso frente a tênue sombra de tua glória
Olhos assim tolhidos caçam almas descuidadas
Face desfigurada pelo tempo, neste mar de recordações
Desta alma ambiciosa, onde os vales e os rosais miravam
Algibeira aquebrantada deste riso de dúvida atroz!
Em teu seio, sou morada triste e escura
Com teu tempo, teu cansaço, minhas mãos, meus pés sangrei!
Se este bálsamo de blasfêmias meus lábios poluíram
Talvez alivie a dor no desânimo da lira
Onde beijarei a terra no mortal e derradeiro abraço!
Quero assim ouvir-te, musa da beleza insana
Pelos ecos de tuas várzeas, vão-se aí os meus lamentos
Sequiosa, soberana! Tornarei volver a terra de que um dia pertenci
Onde banharei minh'alma em tua luz que assim conduz
Na solene, vivaz e servil brandura da solidão
São lírios suaves e ardentes, tua tez tranquila e alva
Mel divino, fina flor, rubra rosa da poesia
No delírio de te amar, seja sempre o meu martírio!
Filha da dor, de lânguida e perene harmonia
Do sangue virgem de inocência que a morte desdenhou
Ignotas-te das lamentações que enfim levaste a campa
Pesa duro sobre mim o cálice tão estio da eternidade
Que alimenta este tormento de fel e de desgosto
Já despida de tua glória, descrédula do mel que cingia teus lábios
Jazigos salomônicos nutrem epitáfios da tenra mocidade
Levanta-te deste leito maldito que te encerra!
São crisálidas suaves, vibrantes que erguemos a ti!
Da lamúria feminina, da devoção que carregas a sete ventos
Do despojo colérico de sexo frágil que te embriaga
Capitu é o exemplo dos exemplos desta paixão desvairada
E que imagem nos deixou, de mistério, luxúria e calor
Assim, vós, o mulato do Rio, o legítimo bruxo da calada
Das noites tão longas de bico de pena, velas e rubor
São versos de machado que inspiram-me hoje e amanhã
O diga Quincas Borba no alto de sua insanidade natural
Mas qual deles? O cão fiel, derradeiro hipnótico de divã?
Ou as divas tresloucadas que atormentaram Dom Casmurro
Somos a mão e a luva, perfeita ressurreição transcendental
Homenagem sincera do inimaginável féretro... sim, é duro!
Que esquife poderá defenestrar essa genialidade?
Que futuras gerações abalarão suas obras e riquezas?
São vozes de Brás Cubas que ecoam na cidade
E transbordam de culturas mil tuas purezas!
São cem anos de deslumbre, primeira cadeira da academia
O tempo não poderá opor-se a magistralidade deste que amou
Sua Carolina, suas mulheres, seus afãs histéricos, doce vida mia!
Em seu último memorial, o de Ayres, a crítica chorou
No ano de 1908 o Brasil então parou, rendeu-se ao mago
E viu a gama estupenda de alegrias que nos deixou
Vós sois múltiplos, sim, vós! Não podes ser um apenas
Ironias contrastantes são marcantes de facetas, como um dado
Mais crisálidas por imensos campos do paraíso permeou
Por toda nossa terra, aplausos e “glamour” até Atenas!
O romance é o rosto de Assis, de corpo e nascença
Joaquim Maria fez-se grande, vejo pouca semelhança
Deste eterno gênio de amores e rimas, dor e comoção
Recordaremos nostálgicos, certos da mesma emoção...
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PS. Quando da escrita deste em 2008, completavam-se cem anos da morte do eterno escritor brasileiro, sem dúvida o maior de todos. Texto com formatação simples, como era a pena do Mestre...