Homenagem: Amigo muito mais velho...
Uma jovem tenta animar o seu amigo de mais de 70 anos.
_ Minha jovem não sei quem foi que inventou essa história de “melhor idade”...
_ Foram os psicólogos, os grandes entendidos da alma humana. Disse ela sorrindo.
_ Então me explique como pode ser a “melhor idade”, quando você não consegue fazer quase nada, quando tem dor, e ela anda cada dia dói uma coisa diferente?
_ Como assim? Pergunta ela.
_ Eu não trabalho mais...
_ Isso porque o senhor já se aposentou, depois de tantos anos de trabalho, não foi?
_ Sim, mas como pode ser bom ficar sem dente, sem cabelo, com a visão fraca, sem firmeza nas pernas, nos braços, e tendo que usar fraldas?
_ Pense bem, se tivesse dente comeria mais carnes e talvez prejudicasse o intestino, quanto ao cabelo eu sou jovem e estou quase careca de tanto tentar alisar o meu. Disse a jovem fazendo o velho amigo rir.
E continuou:
_ Como tem a visão fraca me dá a oportunidade de ler alguns livros para ti e de quebra ainda podemos conversar sobre as histórias, acaso não gosta de nossas conversas literárias?
_ Sim! Sim! Mas...
_ Espere aí! Eu ainda não terminei.
_ Tudo bem!
_ Quanto à fraqueza das pernas e dos braços é a oportunidade dos filhos, amigos, irmãos nos darem uma mão mostrando-nos sua gratidão.
_ E as fraldas? Disse ele meio bravo.
_ As fraldas são uma lembrança pra próxima vida...
_ O que? Já quer que eu morra?
_ Nada disso! Disse a Amiga sorrindo.
_ Então o que é?
_ É pra nos lembrar que devemos sempre respeitar o limite do nosso organismo, quantas vezes nessa vida já prendeu a urina, quantas?
_ Muitas! Mas não tem nada de bom na velhice.
_ Tem sim! Você não paga ônibus, vai ao cinema de graça, pode viajar de graça de um estado para outro...
_ Não! E não! Eu só estou recebendo de volta tudo o que eu dei para esse país, e depois eu nem posso andar sozinho, pois posso ser assaltado, cair ou ser atropelado.
_ Viu que maravilha! Eu nem sempre consigo companhia, mas o senhor tem sempre alguém por perto.
_ Você não desiste mesmo, hein?
_ Não! Mas intimamente Ana já buscava algo que realmente fizesse o amigo feliz naquele dia, foi neste momento que se lembrou de algo e disse:
_ Mas há algo na velhice que é sublime e maravilhoso...
_ Não! Venha-me dizer que é sabedoria, por favor! Pediu ele.
_ Não. Eu me lembrei dos netos.
Neste instante os olhos do velho amigo se encheram de lágrimas e ele disse:
_ Essa é uma das razões de eu ainda andar por aqui e até usar fraldas. E deu uma risada e abraçou a amiga.
Aos meus queridos velhinhos rabugentos de todas as horas.
Um imenso abraço fraterno!