Seixas Dória

O Palácio Museu Olympio Campos, situado na Praça Fausto Cardoso, centro de Aracaju, sediou o Governo do Estado de Sergipe e hoje abrigou o retorno do ex-governador, João de Seixas Dória. Ali, de onde um governante eleito pelo povo foi tangido pela ignorância do golpe militar de 64, encontrava-se, nesta tarde, por estas coisas do destino e pelos desígnios de Deus, de volta para o local que lhe era e é de direito pela vontade do povo sergipano.

Arrodeado de familiares, de autoridades e de cidadãos comuns, repousava em um esquife o corpo de um homem cujo espírito e inteligência jamais sossegou em busca da justiça para os humildes, da democracia(sua deusa e senhora) e da liberdade, o seu mais acalentado sonho.

A história de Seixas Dória não caberia neste texto e nem texto algum consegue comportar tudo o que ele representou como advogado, político, intelectual, idealista e ser humano. Após a missa, em meio ao protocolo palaciano, manifestou-se o atual governador sergipano, Marcelo Déda.

O discurso de Déda foi flamejante como o merecia o não menos eloquente e flamejante advogado, Imortal da Academia Sergipana de Letras e político, Seixas Dória. Com sua voz jovem e possante, Marcelo Déda inundou todo o Olympio Campos e atingia os ouvidos daqueles que se postavam na calçada do garboso prédio, hoje museu e ponto de atração turística.

Marcelo Déda, tocado pelos anjos da oratória, fez uma retrospectiva justa, merecida e devidamente fundamentada sobre toda a vida do sergipano de Propriá que deixou marcas significativas no cenário político nacional. Traçou diante dos ouvintes toda a trajetória de Seixas até finalizar devolvendo-o ao palácio, ao povo. Parodiando Getúlio Vargas, o governador de Sergipe afirmou que Dória não precisaria “sair da vida para entrar na História”, pois que esta sempre esteve entranhada naquele respeitável homem público.

Os aplausos intercalaram os capítulos da fala de Marcelo Déda. Depois, a saída solene do caixão carregado pela guarda de honra. Ali fora, o carro do Corpo de Bombeiros e o povo comovido. Ao apreciar este momento e ao compará-lo às cenas de décadas anteriores, eu revi a multidão que se aglomerava naquela praça onde Fausto Cardoso foi assassinado e não pude conter as lágrimas. Percebi a gritante diferença entre duas épocas e me vi _ como em um filme em preto e branco _quando eu ainda era uma menina e o meu pai me levava pela mão para os comícios nos quais Seixas Dória acendia a emoção do povo com o seu patriotismo, a sua sinceridade e o seu profundo sentimento de Democracia.

taniameneses
Enviado por taniameneses em 01/02/2012
Reeditado em 01/02/2012
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