Abrir os jornais na primeira oitava hora do dia é meu aparado. O primeiro café da manhã, aparado no coador de nossos articulistas. Uma mistura pura de letras, palavras e informações quentes e fumegantes.  Não é tarefa fácil, sem regra manter a receita e não alterar o cheiro real. Sem necessidade de adoçar em demasia para não escamotear o sabor. Maneira de acordar de uma noite embalada pelos sonhos ou sobressaltos de pseudo  pesadelo. Goles quentes pela o cérebro e agitam os nervos para mais um dia.
          O aparado de hoje foi de um forte amargor. Pelou m’alma ainda entre o Céu e a Terra. Fez-me despertar tão rápido. Cravando-me na poltrona. Espetadas de espinhos no peito moveram meus sentidos e sentimentos. Mostrando-me a magnificência da vida e da sua vulnerabilidade.
          De olhos esbugalhados sorvia goles do aparado desta manhã. Dando-me conta de que um alquimista das letras havia partido para Oriente Eterno. 
          Aumentou a sombra de meus olhos saber que este artífice das palavras fizera esta viagem. Tão forte o amargor do aparado que instantaneamente o cérebro ficou imerso e povoado de recordações doces e suaves de todas as convências, que poucas, mas tão fortes quanto. Percebi que estão eternizadas. A voz, as palavras, o jeito afável, os olhos azuis e espertos de JAIR FRANCISCO HAMMS. 
          Partiu o “Detive de Florianópolis”. 
          No Oriente Eterno será sempre “O Vendedor de Maravilhas”.
           
Mané das Letras
Enviado por Mané das Letras em 12/01/2012
Reeditado em 02/12/2015
Código do texto: T3436734
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