A obra romanesca de Guy de Maupassant – primeira parte
A obra romanesca de Guy de Maupassant – primeira parte
Em 1880, o primeiro livro de Guy de Maupassant foi publicado. A obra trazia uma coleção de poemas escritos no final da década de 1870. Os versos do autor não se destacavam pela originalidade, mas não eram menos piores que aqueles livros lançados, na mesma década, por autores que estavam estreando no mundo da literatura.
Maupassant também escreveu críticas literárias sobre as obras de Flaubert, de Balzac e sobre os poetas franceses do século XVI. Enveredou-se também pelo drama, sendo que uma de suas peças foi representada num pequeno teatro.
Nos primeiros trabalhos de Maupassant é possível encontrar vários recursos estéticos, como, por exemplo, a concisão. Característica essa que foi responsável por torná-lo um dos maiores contistas de todos os tempos. Entretanto, foi somente em “Boule de suif” que o autor encontrou seu próprio estilo e, a partir disso, conseguiu transpor para as páginas sua visão de mundo. Na referida curta narrativa, o narrador traz à tona características que abordam vários aspectos da experiência da vida. O tema central do conto é uma guerra. Os assuntos bélicos são abordados por Maupassant em vários trabalhos que ele publicou. A palavra “guerra” fê-lo sentir uma grande revolta contra a idiotice humana e contra os governos que se envolviam nos conflitos.
Seu primeiro romance foi “Une vie” (“Uma vida”). A obra foi publicada em 1883. Léon Tostói, famoso escritor russo, considerou “Une vie” o melhor romance francês depois de “Os miseráveis”.
A protagonista do romance é Jeanne de Vauds. Recém-chegada de um convento, ela é uma garota cheia de sonhos românticos e grandes expectativas. Nada pode hesitar sua crença no amor e na vida. E, ao conhecer Julien de Lamare, ela cria uma expectativa, maior ainda, acerca da fé e dum grande amor. Assim, ela se casa, mas depois de um tempo descobre que foi traída pelo esposo. Os principais conflitos da narrativa desencadeiam-se a partir do ato de Julien.
O segundo romance, escrito por Maupassant, foi “Bel-Ami”. Neste, o escritor francês, seguindo os ditames realistas, toca nas mais pútridas chagas da sociedade de seu tempo. Poder-se-ia dizer que se em “Une vie”, o narrador indaga donde origina-se a tristeza e as desgraças, em “Bel-Ami” não há lugar para perguntas; pelo contrário, há espaço para a respostas. Nesse sentido, a sociedade é apresentado, pois, como fonte todos esses males.
A sociedade é representada por George Duroy (o protagonista), o qual sintetiza, em sua personalidade, os diferentes problemas da vida social francesa. Embora, penso que exista dois lados na personalidade da personagem principal: o positivo e o negativo. É claro que o lado positivo é bem menos explorado. Entretanto, é possível perceber que Duroy é um homem forte e decidido que conhece seu trabalho e sabe obter o que almeja. Os pontos negativos, do comportamento da personagem central, saltam aos olhos; Duroy é desonesto, ambicioso, imprudente, orgulho, etc. Ele, simplesmente, não se importa em derrubar todos aqueles, mesmo que seja de uma maneira desleal, que lhe impedem de vencer. E, é por isso, que ele muda de mulher assim como troca de luvas.