O “Faz de Conta”, na vida de Silvinho - homenagem póstuma -

Brincar é uma das atividades fundamentais ao desenvolvimento de uma criança. É sabido que o “Faz de Conta”, - fantasia e imaginação - são elementos essenciais para que a criança aprenda a dominar a si e sair-se bem no relacionamento com as outras pessoas.
Silvinho, desde cedo, desenvolveu a faculdade de comunicar -se por meio de gestos e sons. Por isso, não encontrou a menor dificuldade na construção de suas amizades, na vida adulta.
Na brincadeira do “Faz de contas”, a criança, aumenta seu repertório de conhecimento sobre o mundo e transfere para os personagens seus principais dramas. Daí, a criança sai mais feliz de suas experiências. Com Silvinho não foi diferente. A cada dia de seu “Faz de contas” tinha também aumentado, seu repertório.
A diferença é que, as pessoas é que saiam mais felizes no relacionamento com ele, já que trazia um constante enriquecimento de seu anedotário, tamanha sua imaginação.
Para uma criança, o “Faz de conta” é uma atividade que, se planejada de forma adequada, proporciona-lhe momentos enriquecedores.
Ela explora melhor seu espaço e passa a entreter-se de verdade e com extrema habilidade com brinquedos de encaixe, massinhas, etc., etc.. Na vida de Silvinho, o “Faz de conta” não foi apenas um estágio em sua fase de criança. Para ele, o “Faz de conta” sempre esteve presente em seu cotidiano e cotidianamente fazia das pessoas, suas massinhas de moldar. Silvinho era um brincalhão.
E foi por meio de seu “Faz de conta” que desenvolveu com maestria e arte, a capacidade de representar. Ele era capaz de passar do riso ao choro, em fração de segundo.
Foi assim que cativou um sem número de pessoas e nos impressionava a identidade que estabeleciam com ele, adultos e crianças.
Se ele era bom? Bom, seria um tanto quanto acanhado de dizer.
Na verdade, chegava memso a ser boníssimo.
Silvinho era – literalmente – capaz de tirar a própria roupa, para abrigar ao semelhante. Semelhante este, vivo ou morto – diga-se de passagem. Já o presenciei num velório, descalçando-se para proteger um defunto parente, com as meias dos próprios pés.
No “Faz de conta” da vida de uma criança, o adulto – o pai ou o professor - que conduz as atividades, deve incentivar -além da brincadeira - a organização do espaço -, tanto no início como no final de cada tarefa.
Pena que no “Faz de conta” da vida de Silvinho, não teve muito de organização.
Não! Ele era completamente despojado, pra não dizer "avacalhado".
Se Silvinho rasgava dinheiro?
Nunca tive notícia de que chegara a tal ponto.
O que soube foi que, certa feita, tomando uma cervejinha com a turma da Nova Floresta, notaram que ele consultava sistematicamente ao relógio, sem aparentemente um porque.
De repente, aparece um sujeito e lhe entrega um prêmio, por ter acertado a milhar da placa de seu carro, no jogo de bichos.
Não é que ele deu um chute no pacote de dinheiro, mandando-o pelos ares, para o espanto da moçada?
Para a meninada não teve algazarra maior, correndo atrás das notas rua afora. Silvinho sobrava!!!
No “Faz de conta” da vida de Silvinho, tudo era fácil e tudo podia.
E tudo natural. Até mesmo participar da festa do maior jogador de futebol de todos os tempos. Pois lá estava o baixinho camisa 11,  correndo atrás da bola, ou melhor: fazendo a bola correr, atuando pelo Vasco da Gama, naquela inesquecível partida do milésimo gol do Rei Pelé, na noite de 19 de novembro 1969.
No “Faz de conta” da vida de Silvinho, cabia todo mundo.
Só não tinha lugar mesmo, pra essa temida figura chamada "Morte".
Pois é; Silvinho partiu ontem.
Mas quer saber? Pensando bem, "Beiçola", como era para os amigos, nunca fora mesmo deste mundo.
Pra você mano, um beijo no coração e um feliz 2012.
Paz e bem!
Afonso Rego
Enviado por Afonso Rego em 30/12/2011
Reeditado em 02/04/2012
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