Vinte e três recordações

1- A elegância sem esforço algum

Minha mãe possuía uma enorme elegância, que se destacava naturalmente, sem nenhum toque de vaidade ou presunção.

2- O caruru inesquecível

Na data do seu aniversário, ela preparava um caruru verdadeiramente majestoso.

3- A professora ideal

Seus alunos ficavam fascinados pela forma dela ensinar, pois, antes de passar conteúdos, ela oferecia afeto.

4- O sorriso que faz falta

O sorriso de Anita era lindo e cativante.

5- Ótima noveleira

Acompanhei diversas novelas com mainha.

6- A oração matinal

Ela comentava que "não podemos levantar de qualquer forma”, enfatizando assim a necessidade de buscar a sintonia com Deus quando despertamos.

7- Sorteio surpreendente

Houve um sorteio de um livro no qual foi dito um número diferente do papel escolhido por minha mãe.
Ela comentou “Que nada! Eu nunca vou ter essa sorte!".
Após a constatação que a pessoa chamada não apareceu, foi sorteado outro número, exatamente o de mainha.

8- A amiga Fernanda

Mais do que uma filha, Fernanda foi uma companheira com quem mainha conversava coisas de mulher.
Algumas vezes, na entrada do portão da casa de Castelo Branco, quando elas estavam saindo, eu ficava observando elas subirem a rua e admirava o entrosamento de duas grandes amigas.

9- O cozido

Todos os sábados ela preparava um cozido.
Eu reclamava por não sentir o meu estômago “cheio”.

10- Deus te abençoe

Quando a gente saía, ela sempre dizia “Deus te abençoe!”.

11- Um beliscão

Quando eu tinha que tirar sangue, ela me incentivava:
“É só um beliscão, Ilmar!”.
Eu só enfrentava tal “tormento” após ouvir isso mil vezes.

12- Silvio Santos vem aí

Na nossa casa crescemos assistindo a Silvio Santos com mainha.

13- Uma vírgula boba

Eder (um dos meus irmãos) deu um quadro a mainha com palavras bem bonitas.
Ela adorou, mas eu resolvi verificar o texto, percebendo, então, uma vírgula separando o sujeito do predicado.
Hoje reconheço que fui muito tolo ao me preocupar com aquela vírgula.

14- Os bilhetes de Silvio Mário

Silvio Mário (outro irmão) não esquecia de presentear mainha, porém, se ele não tinha condições de comprar um presente, entregava um bilhete no qual era possível perceber letras graúdas.
Sempre que recordo essa atitude, impregnada de carinho e simplicidade, me emociono.

15- Anita da Massaranduba

Brincando, eu dizia sempre a ela “Anita da Massaranduba!”.

16- A letra

Mainha possuía uma caligrafia muito bonita.
No passado, disputava com o irmão Tim e com meu pai para ver quem tinha a letra melhor.
Adivinhe quem sempre ganhava?

17- Divisão

Ela me ensinou a conta de divisão quando o divisor possui dois ou mais números, mas dizia não recordar esse fato.

18- Bom gosto

Mainha adorava doce de banana e geladinho de coco.

19- O telefone

No meu quarto (na parte de cima da casa), eu tinha uma linha telefônica pela qual muitas vezes dialoguei com mainha (ela estava na parte de baixo).

20- Por Amor

No início de 2003, fui mostrar a mainha o último capítulo da novela Por Amor, que tinha sido reapresentada.
Estávamos na revelação de Raquel a Ivan, mas a cena foi cortada por uma falha minha na hora de programar a gravação.

21- Voltando a ensinar

Num domingo, em 2003, contava a mainha detalhes da época em que lecionei no Oliveira Brito no ano de 2000.
Ela disse que, no dia seguinte, verificaria se eu ainda poderia ensinar através do concurso que realizei em 2001.
Informaram que era possível.
Menos de quinze dias depois, comecei no Ruth Pacheco, permanecendo lá até hoje.

22- No cantinho da cama

Quando eu era pequeno, após todos dormirem, seguia até a cama de minha mãe na qual, no cantinho oposto ao lado em que ela e meu pai estavam, eu me encolhia e dormia.

23- Meu grande amor

Comentei com mainha o quanto eu falava sobre ela com minhas colegas de faculdade, no entanto deixei de dizer, repetir, gritar e fazer todo mundo escutar:

"Mãe, eu te amo!"

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Ilmar
Enviado por Ilmar em 27/12/2011
Reeditado em 30/01/2012
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