JIRAU DI/VERSO
Nº 11 – janeiro.2007
por Enzo Carlo Barrocco

A poesia catarinense de Cruz e Souza

O POEMA

LIRIAL

Vens com uns tons de searas,
De prados enflorescidos
E trazes os coloridos
Das frescas auroras claras. 

E tens as nuances raras
Dos bons prazeres servidos
Nos rostos enlourecidos
Das parisienses preclaras. 

Chapéu das finas elites,
De rosas e clematites,
Chapéu Pierrette — entre o sol 

Passeando, esbelta e rosada,
Pareces uma encantada
Canção azul do Tirol.

O POETA

João da Cruz e Souza (Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis 1861 – Barbacena, MG 1898) poeta e jornalista catarinense. Um dos três maiores poetas simbolistas do mundo, ao lado do alemão Stefan George e do francês Stéphane Mallarmé, Cruz e Souza, já no Rio de Janeiro, colabora em alguns jornais e, mesmo após a publicação de Missal e Broquéis, em 1893, só consegue um emprego miserável na Estrada de Ferro Central. O poeta negro morreu jovem, aos 36 anos, vítima da tuberculose, no entanto, em sua breve passagem, deixou um legado inestimável a nossa literatura.

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ESTANTE DE ACRÍLICO

Livros Sugestionáveis

“Os irmãos inimigos” (romance)
Autor: Nikos Kazantzakis
Edição: Nova Fronteira
Romance póstumo no qual Kazantzakis expõe toda a sua angústia pela proximidade da morte. A fé questionada sob a aguçada e atormentada alma deste genial escritor grego.

“Obras Literárias – Lendo o Pará 1 ” (poesia e teatro)
Autor: Tenreiro Aranha
Edição: SECULT / FCPTN
A poesia e o teatro produzidos no Pará na segunda metade do século XVII. Belo trabalho reeditado pelos órgãos de cultura do Governo do Estado para o conhecimento de agora.

“Assassinatos na Rua Morgue e Outras Histórias” (contos)
Autor: Edgar Allan Poe
Edição: L & PM Pocket
Alguns contos dos muitos escritos pelo poeta, contista, novelista e romancista americano. Incluídos aqui dois contos antológicos: “Nunca
Aposte sua Cabeça com o Diabo” e “O Gato Preto”.

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A FRASE DI/VERSA

A sexualidade é um componente da boa saúde, inspira a criação e é parte do caminho da alma.
- Isabel Allende (Lima 1942) romancista chilena nascida no Peru

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DA LAVRA MINHA

AS CORRESPONDÊNCIAS

Enzo Carlo Barrocco

As correspondências que sempre te envio
falam das cores dos meu versos acres,
não são cores vivas, tampouco álacres,
mando-as sempre por que em ti confio.

Mesmo assim, mando-as; antigos fósseis
que hoje exumo de sepulcros azuis
pois em cada carta meu sorriso pus,
serenas dores, companheiras dóceis.

Ponha sentido, meu prezado amigo,
esta é a última que estás lendo e queira
que com certeza seja a derradeira,

pois hoje, incrível, já perdi a conta
de quantas vezes já quebrei a ponta
da minha inestimável lapiseira.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 08/01/2007
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