BARROS, Manoel de.
Vi uma flor brotando noutra.
O vermelho seria mais que o sangue no papel, quando eis que vi com minha mão cortada / curtida a desutilidade agradavelmente fascinante do momento.
Minhas insolências verbais foram ao encontro de um mito de existência ancestral e que misturava memória com conhecimentos sensoriais. E que formava através de então uma ciência primitivamente vanguardista.
Gostava de como este mestre distantemente presente humanizava as coisas e o tempo.
Ah, e como ele transfigurava o nada pelas visões! E como ele conseguia morar em lugares e palavras diferentes com pura naturalidade!
Sonhava em todos os dias com um objeto verbal que fosse capaz, só ele, de convergir ambições distintas e de tirar o nunca de tudo aquilo que dura enquanto é eterno.
O impossível se fez absolutamente verossímil desde sempre... e eficaz, partindo de fios de cabelo tão sábios que se utilizavam da ignorância para saber como se recurar à uma infância rica.
Só precisou da razão como acessório para criar, crescer e caminhar para as origens ao invés do fim.