REQUIEN DA MINHA MÃE

Ela não mais agonizava

dormia profundo como gostava

tentei ver se os olhos ela abria

Ver se ainda respirava mas calma dormia

Chamei teu nome...MÃE!!

Ela não me escutava

Eu que nunca fui de pedir tanto

que um anjo surgisse à minha frente

Mas no lugar do anjo apareceu

uma garota de branco solenemente

que bateu de leve no meu ombro e disse:

que era questão de horas...poucas horas...

(e se eu parasse todos os relógios do mundo?)

Desci para fumar um cigarro...repeti comigo

Questão de horas...poucas horas...

não derramei uma só lágrima!

porque mulheres fortes não choram!

No bar da esquina do hospital

pedi uma um cafe forte e acendi mais um cigarro...

Coisa que minha mãe de fazer gostava...

Gosto esse que me persegue desde a mocidade

Pensei...questão de horas...poucas horas...

Tomei a bebida quente de um gole só

Lembrei de coisas da minha infância

de repente me via menina de novo

de franja e emburrada

as idas e vindas da escola

pequena e amuada

a menina que na sacola

guardava suas fadas...

Voltei-me mulher outra vez

olhei para a rua a pressa dos carros

e das pessoas a pé e nenhuma lágrima

e aquele rosto dela de cera

dentro dos meus olhos ela me fitava

aqueles olhos que em vão tentei abrir

Sabe...não derramei uma lágrima

Afinal mulheres fortes não choram

Quando entrei naquela sala fria

já não era mais questão de horas

Implorei novamente por um anjo

mas o anjo não veio...ele subia...

naquela hora eu queria ser gente grande

e não a menina de franja e emburrada

agora para sempre desamparada

Mas sabe mãe... não derramei uma lágrima!

Viviane Lima

Em homenagem a Jane F.Pires

Falecida em 16/12/2011

Astarty
Enviado por Astarty em 17/12/2011
Código do texto: T3393794
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