CORS, CORDIS, CORALINA
Os braços eram arados.
As mãos, divididas:
Roupas, doces, pena e tinta.
Os olhos vazavam esperança.
A mente, atenta e lúcida,
Clamava justiça,
Chamava à verdade.
Os sentidos estavam em sintonia:
Boca clara, palavra fácil.
Um prisma dispersando luz!
Da menina simples e descorada
À artesã do verso e da paixão
Houve uma vida correndo
Firme e solta
De uma República à outra.
Tempo de colheita, tempo certo
De uma mulher-coragem,
De Cors, Cordis
De Cora, Ação
De Cora_Coralina
Nas terras do Goiaz.
(“Excede o tempo e o meio;
projeta-se no Cosmos”)
11/4/85 - São Paulo - KML
Voz viva de Goiás, Cora Coralina (Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretãs) nasceu em 20 de agosto de 1889.
Cursou apenas as primeiras letras e aos 14 anos escreveu seus primeiros contos e poemas.
Viúva e com 6 filhos interrompeu sua escrita durante anos.
Tradições e festas religiosas, a comida típica da região, as famílias e seus "causos", tudo a motivou a fazer uma ponte entre o passado e presente de Goiânia; tentativa de registrar sua história e entender-lhe as mudanças.
Nas suas próprias palavras: "...rever, escrever e assinar os autos do Passado antes que o Tempo passe tudo ao raso".
Mulher simples, Cora fazia doces cristalizados para vender.
Seu primeiro livro, "Poemas dos Becos de Goiás e outras histórias mais", foi publicado em 1965, e levou Cora, aos 75 anos, a ser reconhecida como porta-voz da realidade interiorana afetada pelo avanço da modernidade.
Em seguida veio "Vintém de Cobre".
Faleceu em Goiânia em 10 de abril de 1985, aos 94 anos.